24.1.10

Da Catedral à Kapitelplatz


Atravessamos a rua pricipal, por entre o mar de gente, até ao final. E ao lá chegar, ficamos perdidos. Não de ninguém, mas sem saber para onde irmos. Não sabemos o que há para visitar e conhecer, até porque não viémos preparados com guias nem mapas. Decidimos perguntar a alguém local que nos desse algumas orientações e foi, através delas, que conseguimos chegar até à Catedral (Dom), que fica por trás da Getreidegasse.


A Catedral (Dom) de Salzburgo

 É uma catedral lindíssima, situada numa praça cheia de vida. A sua imponente fachada faz querer que qualquer um que por alí passe, entre e se deslumbre com a sua dimensão. É dentro dela que se faz presente, entre outros elementos de interesse, a pia baptismal onde foi efectuado o baptismo do filho desta cidade - Mozart.


 Kapitelplatz

Pelo caminho encontramos outros do grupo. A nós, juntam-se a Tixa e o seu namorado, - Rogério, o Duarte, a Joana e a Andreia. Em grupo, seguimos caminho após termos comido qualquer coisa ali mesmo junto à Catedral, nas barraquinhas ambulantes. 

E não muito longe da Catedral encontra-se a Kapitelplatz, uma praça imensa onde se aglomera, também, imensa gente. Apesar do frio, está uma tarde se sol, e talvez seja por isso, que inúmeras pessoas se passeiam por aqui, tal como eu. Sigo adiante, e pelo funicular subo até ao castelo e deixo-me deslumbrar com a beleza da paisagem.

 


Passear Pela Getreidegasse

Saio do autocarro e, distancio-me, um pouco do resto do grupo. Não por não querer a companhia dos restantes, mas porque sei, por experiência, que caminhar com um grupo mais alargado torna-se mais complicado em questões de tempo: porque um precisa de ir à casa de banho, outro de comprar a lembrança para a família, o outro porque quer ir ver algum monumento indicado pelos amigos, ou qualquer outra desculpa.

É por isto que, quando tenho pouco tempo, prefiro passear apenas com 1 ou 2 pessoas e desde que elas se conheçam o suficiente para não perderem tempo a "discutir" o que cada um gostava, ou não de ir visitar.



 A rua principal de Salzburgo - Getreidegasse

Sem mapas, nem guias seguimos, mais uma vez, a nossa intuição à descoberta da cidade e da sua história. Conseguimos chegar, com relativa facilidade, até ao centro histórico de Salzburgo. Atravessamos a  pequena Ponte Staatsbrücke por onde passa o rio Salzach, e a poucos passos surge-nos a famosa Getreidegasse, uma rua pedonal considerada a principal rua comercial da cidade.

 

A rua é estreita, e nela circulam imensas pessoas locais e turistas. A base dos prédios está repleta de lojas que esmagam o olhar a quem passa. Getreidegasse é também conhecida pelos famosos letreiros das suas lojas, cuidadosamente, ornamentados.

São extremamente chamativas estas lojas e ao olhar para elas, apetece-me entrar em cada uma  Mas o pouco tempo que dispunha para ver a cidade foi o melhor amigo para não o fazer. Decidi avançar pela calçada, pelo meio do mar de gente que de todos os lados avistava.





No nº9, encontra-se a casa onde nasceu  Mozart, no coração da cidade. Anualmente, esta casa-museu é visitada por milhares de curiosos e amantes das suas obras, ávidos por descobrir os segredos da atmosfera que inspirou o músico desde pequeno. Por questões de tempo optei por não entrar, não só pela longa fila de espera, como também, por já ter entrado na casa onde Mozart viveu em Viena.

 
 A casa de Mozart

Aqui vive-se o espírito da música erudita. Por toda a parte, em cafés, restaurantes, e nas avenidades da cidade há concertos e música. Mas, paralelamente, há também um grande negócio: há chocolates, imans, malas e comida que mostram o nome e o rosto de Mozart. 

São duas facetas de uma cidade, que para além da sua beleza, está a tornar Mozart como sendo, cada vez mais, o ex-libris da Salzburgo. Eu trouxe o meu íman, não com a cara de Mozart, mas com a forma de um violino!

Por Entre as Montanhas Imponentes de Mönchsberg e do Kapuzinerbrg

Conforme vamo-nos dirigindo mais para norte, é sentido, também, cada vez mais, um frio desconfortável e tradicionalmente diferente ao que estamos habituados em Portugal. Chegamos, então, a Salzburgo, ao início da tarde do dia 28 de Dezembro, esta maravilhosa cidade rodeada de magestosas e imponentes montanhas, que agora se afiguram cobertas de neve.



A imagem é idílica, daquela que às vezes costumamos ver, apenas ,em filmes. Com campos extensivamente verdejantes, reposando neles casas pitorescas com telhados poucos habituais, cuja envolvência é feita pelas montanhas, grandes e belas.



Rio Salzach e montanhas Kapuzinerbrg

Salzburgo está também rodeada pelo Rio Salzach, e todas as ruas medievais, abadias, palácios e monumentos encontram-se à sua margem.  Desde logo, sinto-me, completamente atraído por esta cidade.

Quero saír do autocarro a qualquer custo para perder o mínimo de tempo possível a descobri-la. Foi isso que fiz, em 3 horas em que lá estive. E tenho muito para contar. Garanto-vos!

18.1.10

Em Busca do Pin Encantado

Chego ao alojamento no Mosteiro Beneditino à hora recomendada. E quando chego, lembro-me que, pelo entusiasmo de conhecer a cidade, esqueci-me de comprar o pin de Munique, tal como é habitual, em qualquer outra cidade que vou.

Não há ninguém que se disponibiliza a correr comigo, para encontrar a estas horas da noite alguma coisa aberta. Fico um pouco sem jeito de tentar convercer alguém, apenas por um capricho meu. Além do mais, a noite estava gélida e o que todos menos queriam, era vaguear pela cidade.

A Andreia foi a única que se disponibilizou. Nem acreditei. Comecei logo a andar rápidamente, antes que pudesse desistir. Mas não. Acompanhou-me, sempre, na passada forte e ofegante, ao ponto, de observarmos o fumegar da nossa respiração. E nao desistiu.

Pelo caminho fomos conversando e conhecendo-nos melhor. Também ela é assistente social. Mais entusiástica que eu, na forma como fala na importância da defesa dos direitos humanos dos utentes que acompanhamos. Além disto, também descobri, que é uma incondicional mochileira, e que gosta de se fazer à estrada e partir vezes sem conta, seja com quem for.



Pelo caminho, até à estação ferroviária, observamos pequenos grupos de peões que aguardam, disciplinadamente, pelo sinal verde para atravessar a rua. Cheios de pressa, pelo tardio da hora, e com algum receio de não conseguirmos descobrir nenhuma loja aberta para comprar o meu pin, aderimos à maioria e aguardamos a nossa vez, irrepreensívelmente, mesmo sem avistar qualquer veículo nas imediações.

As “más tradições” lusas de comportamento social, como atravessar as vias fora das passadeiras ou quando o semáforo para peões está encarnado, são rapidamente esquecidas. Segundo a Andreia, aqui, as regras – estas e outras – são assumidas como obrigação.

Foi quase difícil de acreditar que estávamos na terceira maior cidade da Alemanha... O trânsito, esse, não era de todo intenso, e nós, ali, especados ao frio à espera de um sinal verde, quando, incompreensivelmente, ninguém está a circular pelas ruas.

Dentro da estação ferroviária consegui encontrar o pin. Estendo a mão, recebo o troco, agradeço e ponho-me a andar de volta para "casa". Quanto à Andreia, muito obrigado pela companhia. Quanto aos alemães, que tal uma aventura de vez em quando? Se lhes disseste que em Lisboa, raras são as vezes que são respeitados os sinais, acham que eles ficariam muito chocados????

Pelas Avenidas de Munique

Chegámos ao final do dia a Munique. As indicações que tínhamos era que, infelizmente, dispunhamos de pouco tempo para ver a cidade, uma vez que, o mosteiro beneditino obrigava-nos estar "dentro de portas" até às 21h30.

Apesar do visível frio, contrariado pelas camadas de roupa que me agasalhavam, não me senti intimidado nem quer pelo frio nem pelo pouco tempo. Agarrei no Nuno e pusémos-nos a caminho.


Na Karsplatz

Do nosso local de alojamento até ao centro, foram apenas uns poucos minutos, a pé, até lá. Sem qualquer guia ou mapa, iniciámos o nosso percurso seguindo a maioria das pessoas e as luzes. Foi o suficiente para nos fazer chegar até ao centro, que se inicia pela Karsplatz (foto acima). Nela estava instalada uma praça de patinagem no gelo, com algumas pequenas "barracas" que serviam comída e bebída típica. Imensos transeuntes e turístas ali se aglomeraram. Nós, também, parámos para observar. Mas decidimos avançar. Afinal, o tempo escasseava.


Rua Neuhauser Strasse

Após termos passado pela Karsplatz, entrámos na Rua Neuhauser Strasse, uma rua, exclusivamente, pedestre, larga, cheia de vida, com lojas exuberantes e com um glamour explendoroso proporcionado pelas luzes natalícias.


Muito apesar de cidade ter sido quase, totalmente, destruída durante a II Guerra Mundial, um passeio por Munique é o mesmo que comprar bilhete e embarcar numa viagem pela história da arquitectura. Passo a passo, entramos num museu a céu aberto, onde os traços do barroco, do gótico, do maneirismo e muitos outros compõem toda a paisagem.

E seguindo com passadas apressadas, fácilmente, chegamos à Praça MarienPlatz. Chegar a ela, de forma, inesperada, foi, certamente, para mim, uma emoção. Sem estar à espera, vejo-me alí no meio de uma praça magnífica cuja composição de luzes a torna ainda mais bonita. No momento senti-me previligiado por estar alí, no centro do centro desta cidade com cerca de 1,3 milhões de habitantes.


Praça Marienplatz

No meio desta extraordinária praça, encontra-se o prédio da Neues Hathaus (Câmara Municipal). Este prédio, é o coração da cidade. Todos os dias, milhares de turistas aqui passam para observar o glockenspiel, um instrumento musical, que está no alto da fachada. Tal como acontece, em Praga, também aqui, a várias horas do dia, os seus sinos executam um momento de verdadeiro show. Obviamente que, não tivémos a oportunidade de ver, pelo tardio da hora. Contudo, é, sem dúvida, uma razão para poder voltar com calma e tranquilidade a esta cidade.


Prédio da Neues Hathau

Com um frio incompreensível, tapo-me por completo, deixando apenas a descoberto os olhos. Á volta do rosto coloco o meu cachecol, e retorno ao alojamento, a passadas largas para fugir ao frio. Á chegada encontro outros amigos, que com sabor a Portugal, terminam a noite a comer chouriço assado mesmo alí na entrada do mosteiro... nesta noite grutescamente gelada.

13.1.10

O Banho Tardio Em Munique


Mosteiro Beneditino

Saímos de Zurique a meio da tarde. Chegámos a Munique ao início da noite (27 de Dezembro). São poucas horas de distância que separam as cidades. No entanto, para quem está de viagem há 2 dias, torna-se cansativo cada hora passada sentado na poltrona do autocarro. Precisávamos de descansar sem ser sentados.

Por, aproximadamente, 5 euros, ficámos alojados no chão de um Mosteiro Beneditino, com aquecimento, e situado bem no centro da cidade. Depois de uma noite mal dormida no autocarro, esta seria a noite mais desejável de toda a minha vida. Afinal, estava a ficar cansado... e sujo.

O problema emergente?

Apenas 1 chuveiro para 50 pessoas!!!!!!

Haviam de ver aquela água a correr durante toda a noite, desde as 22h até às 6h, sem nunca parar. Fiquei na lista de espera das 2h30 da manhã.

"A seguir és tu Nélson" - sussurram-me ao ouvido a meio da noite. Lá acordo ensonado, e com a trouxa no regaço, desloco-me até aos lavabos e tomo o melhor banho da minha vida, de duração de 10 minutos!!! Não podiamos exceder esse tempo! Boring... estava tudo controlado ao minuto! Mas digo-vos... VALEU! AH, SE VALEU!!!!



11.1.10

Caminhada Rápida Por Zurique

Estou no autocarro há mais de um dia. Esta noite foi difícil de dormir, muito apesar de ter sido o primeiro de todos a deitar-me no melhor local do autocarro: o chão! Mas mesmo assim, as curvas do motorista e a (quase) directa em cima, não me permitiram ter uma noite com, pelo menos, 1 hora de sono seguido.

A primeira paragem de todas faz-se em Zurique, onde aí aproveitámos algumas horas para conhecer a cidade.





Já tive a oportunidade de conhcer outras cidades Suiças. No entanto, neste país dos relógios, do chocolate, do queijo e da Heidi, Zurique é considerada uma das cidades com melhor qualidade de vida do MUNDO!!! E o que tem assim tão especial para poder ser assim considerada?



Zurique não tem só um bem-estar económico. Tem também um carácter cosmopolita e uma amálgama de influências que consagra esta cidade especial, envolta pela seu enorme lago Zurique. Aqui a maior parte da população anda de bicicleta onde puderá sempre estacionar, em qualquer lado, sem receios que a possam roubar.

Aqui há confiança. Pode-se sair à rua e observar famílias inteiras que se passeiam a pé ou em bicicleta, com crianças dentros dos cestos. Há famílias que se passeiam com os seus grandes cães pelas ruas e em todos os estabelecimentos comerciais eles são sempre bem-vindos. Aqui não há informações à porta a referir "proibida a entrada a cães". O mundo animal constribui, também, para a qualidade de vida dos moradores e por isso, são aceites sem restrições em qualquer lugar.



Percorrer Zurique a pé, quando se tem um par de horas para conhecer a cidade, é absolutamente obrigatório. Apesar de ser a maior cidade Suíça, possui um centro histórico e comercial que pode ser palmilhado em poucas horas. Foi exactamente, isso que fizémos. Sem ainda nos conhermos na totalidade, juntámos um pequeno grupo para calcorrearmos a cidade.



Um dos últimos locais que visitámos foi a estação central ferroviária, na intenção de comprar (como já é habitual) o meu íman de recordação. É a partir deste edifício grandioso que nasce a artéria principal - Bahnhofstrasse, famosa  pelo número de lojas luxuosas. Percorremos a rua movimentada pelos seus eléctricos azuis, e pela sucessão de tentações ao redor, em direção ao Rio Limmat.


Igreja de S. Pedro

É aqui que se encontra o centro medieval animados por pequenas lojas locais, e os monumentos mais antigos, como a Igreja de São Pedro, datada do Séc. VII, à qual foi acrescentada, mais tarde, o que é considerado (ainda) o maior relógio da Europa.

Passando uma pequena ponte por cima do Rio Limmat, encontramos a famosa Catedral Grössmunster. Apesar de não termos tido tempo para entrar na Catedral, pudémos observá-la sempre presente em quase toda a cidade junto ao Rio.


Catedral Grössmunster

É deste lado do Limmat que permanecemos mais tempo, por isso, considero esta parte a mais descontraída de toda a cidade porque a maior parte das ruas estão fechadas ao trânsito automóvel. É por aqui que a grande maioria das pessoas vagueia de bicicleta, e se encontram as lojas de roupa em segunda mão, de objectos de design, de artesãos, galerias de arte, bares e restaurantes e pequenas livrarias.


Rio Limmat

Senti que em Zurique, apesar de ser a maior cidade da Suíça, não há assim tanto para ver. O essencial dela está e vive junto ao Rio Limmat. No entanto, gostaria de poder ter tido mais tempo para me poder perder por pequenos pormenores, cheiros, conversas, para assim poder sentir, verdadeiramente, o que é estar na cidade com maior qualidade de vida do mundo! Talvez um dia possa cá voltar e dar uma volta de bicicleta ou de eléctrico azul... Quem sabe?


10.1.10

Mais Uma Partida

Olho para trás e agora sinto que o Natal passou a correr.
Saí do almoço de dia 25 de Dezembro na ânsia de ir para minha casa, para poder fazer a mala para partir mais uma vez.

Encho a mala com roupa bem quente. Não me esqueço do gorro, das luvas, do cachecol ou das collants compradas na feira do relógio. Tenho tudo pensado para tentar dormir 2 noites no autocarro: uma pequena almofada, um saco-cama e uma (quase) directa em cima. Levo também as tradicionais prendas para a família que nos irá acolher na Polónia: uma garrafa de vinho do Porto e um CD da Mariza.

Saio de casa ainda de madrugada.
A partida é junto à estação dos comboios do Oriente, às 8 da manhã (dia 26 Dez.). Com a bagagem pesada às costas, começo a ver outros que assim como eu, estão com a mesma vontade de fazer esta caminhada. As conversas iniciam. E a viagem, oficialmente, está iniciada. Porque viajar é poder disfrutar do conhecimento dos outros...