(05.04.2010)
Já estamos a viajar pela china há alguns poucos dias. Os suficientes para não me lembrar de trabalho. Por norma, mal entro de férias, esqueço-me do mundo do trabalho. Não, porque não goste do que faça (antes pelo contrário), mas acho que consigo separar muito bem estes 2 mundos: a vida pessoal e a profissional.
Hoje, em Guangzhou, vi tanta coisa. Tantas pessoas nas rua. Ruas cheias. Repletas como nunca vi. Vi mosteiros e templos budistas lindíssimos. Andei a pé (muito), de metro e de barco. Tirei inúmeras fotografias nesta ânsia de captar cada momento. Mas no meio desta cidade industrial ENORME, cheia em pessoas e também de prédios, avenidas e cruzamentos com construções gigantescas que parecem nunca mais ter fim, observei a pobreza em cada esquina.
Normalmente, nas ruas junto aos templos há pobres. Muitos. Que nos olham e entristecem. Há crianças, mulheres e idosos. Alguns tocam um instrumento qualquer, outros simplesmente, em silêncio, nem nos olhos nos olham. Alguns pedem com a mão estendida, outro imploram desesperadamente que alguém lhe dê alguma coisa. Alguns parecem “sadios”, sem problemas aparentes, outros apresentam-se mutilados e com mal deformações nos braços e nas pernas.
Quando entrei no barco para retornar ao meu alojamento no hostel do outro lado de lá do rio, vi também que as mulher realizam trabalho forçado, tendo de trabalhar nas obras. Elas têm capacetes, fardas e pás nas mãos como os homens. Trabalham na construção civil por baixo de um calor ainda suportável. Mas a vida teve de levá-las a isso, para se sustentarem.
E nesse mesmo barco, enquanto estava sentado, olhei à minha volta toda esta realidade. E aqui me lembrei, pela primeira vez neste tempo, do meu trabalho como assistente social. Pensei nas crinças e jovens na rua com quem lido diariamente. Pus-me a pensar na importância de elas poderem viajar, tal como eu estou a realizar e na felicidade que isso lhes poderia trazer. Pensei até na possibilidade de elas viajarem comigo. Como seria?
Sei que esta felicidade adviria não só do facto de nunca terem viajado e conhecido o mundo. Adviria não só do facto de nunca terem andado de avião, de riquexós ou outros transportes. Adviria não só do facto de conhecerem novas línguas e experimentarem outros vocábulos. Adviria não só do facto de testarem outros sabores e paladares de outras culturas.
Mas tenho a certeza, que essa felicidade viria, também, e especialmente, pelo facto de darem mais valor a si mesmas por se posicionarem de forma diferente face aos outros. Não de forma superior. Jamais. Mas pela observação dos recursos internos que têm e que muitas vezes desconhecem. E esses recursos são valiosos. Fazem a diferença de poderem, simplesmente, mudar o rumo das nossas vidas. E muitas vezes só descobrimos isso quando viajamos ou estamos disponíveis para isso. Basta olhar em cada esquina de Guangzhou e perceber a miséria.
Mas tenho a certeza, que essa felicidade viria, também, e especialmente, pelo facto de darem mais valor a si mesmas por se posicionarem de forma diferente face aos outros. Não de forma superior. Jamais. Mas pela observação dos recursos internos que têm e que muitas vezes desconhecem. E esses recursos são valiosos. Fazem a diferença de poderem, simplesmente, mudar o rumo das nossas vidas. E muitas vezes só descobrimos isso quando viajamos ou estamos disponíveis para isso. Basta olhar em cada esquina de Guangzhou e perceber a miséria.
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