20.11.07

17.11.07

Lago Di Como: O 3º Maior Lago de Itália

Lago Di Como é o terceiro maior lago da Itália. Com uma profundidade máxima de 410 metros é um dos mais profundos lagos da Europa.
Estou em Milão. "E porque não percorrer alguns kilómetros para visitarmos a pequena aldeia de Como?" Sim, esta foi, certamente, uma boa ideia do grupo. Uma hora de comboio de Milão até Como para podermos vislumbrar um cantinho do mundo tão especial. O Lago di Como é circundado por montanhas altas acima de 2.000 m de altura e por serras baixas bastante arborizadas. As cidades maiores concentram-se nos vales mais largos de clima ameno e nas planícies ao redor do lago.
Está a nevar. Sinto-me congelado, apesar dos pesados cachecois, luvas, gorros e casacos apertados que trazemos connosco. A sensação de olhar para parte um lago extenso desta natureza é, sem dúvida, de encanto e beleza. A neve que cobre parte da paisagem é capaz de torná-la ainda mais bela. Sinto-me um previligiado. Sorrio. Abro os braços para o mundo e dou por mim, com um ligeiro sorriso nos lábios, a inspirar profundamente este ar gélido, de olhos fechados.
Não temos muito tempo. Ainda hoje mesmo temos de retornar a Milão, antes que anoiteça, porque as famílias de acolhimento, onde estamos instalados, estão à nossa espera, ansiosas para conversar connosco sobre o dia de hoje... por isso, partimos à aventura o quanto antes. O que queríamos mesmo? Observar o Lago do cima das montanhas. Lá bem do alto, e perceber a imensidão do mundo. Encontrámos o Funicolari, o elevador que nos levaria até lá, à "Comune Di Brunati", uma província de Como, constituída por apenas 1727 habitantes locais, cuja tradução literal significa "monte a oriente".
Esperámos um pouco até chegar a nossa vez. Enquanto isso, deu-nos completamente para aparvalhar. Fizémos uma roda e revivemos jogos infantis de tempos aureos. (Acho que o frio faz destas coisas...LOL)... Lá vem ele... é o nosso. Entrámos, sentámo-nos, e esperámos que partisse então, e que nos levasse a uma visão deslumbrante. Connosco vêm também duas amigas Letãs que entretanto fizémos no percurso do comboio. Acham a pronuncia do Português estranha... e nós... a delas! Enfim... culturas diferentes!
Á medida que o Funicolari avança, começa também a nevar. Cada vez mais. Mas ao contrário da chuva, a neve é silenciosa. Estamos todos também em silêncio. E no silêncio apenas contemplamos a beleza da natureza. É uma sensação única, sem dúvida. Mas guardo-a dentro dos meus registos sensoriais. E esta memória ninguém apagará.
Dentro de um funicolari a observar a neve lá fora, apreciando a paisagem cada vez mais do alto. Não está muito nevoeiro, por isso, conseguimos ver bem a extensão de água que está lá em baixo. As casas torna-se cada vez mais pequeninas. Tudo se resumie a uma pequena aldeia cheia de pequenas casas, com telhados pintados de branco da neve, e ruas cobertas por ela. O frio entranha-se cada vez mais, e a chagada ao destino faz-se com 6 graus negativos.
Andámos pelas ruas de Brunati, a apreciar a sua simplicidade. Perdidos. Apenas nós. Ninguém mais se passeava pelas ruas. Subimos falésias, descemos outras. Sentámos-nos por momentos em lugares próprios para se apreciar vistas grandiosas que nos preenchem a alma; que nos revigoram e que nos deixam a pensar no valor da Vida! "Aqui estou eeeuuuu" - apetece-me gritar. Mas não consigo soltar um único gemido. Enrolei o cachecol por toda a cabeça. Apenas se vêm os olhos. Agora sei o que é ter uma "burca"... mas fria!!! LOLOL... Obviamente que ninguém aguenta isto!!!! Ao fundo vimos um café. Entramos para nos aquecer um pouco, e foi tudo corrido a chocolate quente. Que sensação óptima saber que este local tem aquecimento! podemos então, por momentos, desfazer os cubos de gelo que trazemos conosco nos pés... Estamos sós neste espaço comercial. Ninguém mais. O gerente reconhece-nos como Portugueses, e por isso, quer oferecer-nos algo!!! Música Celta...
Apenas sei que foi a loucura total. Um espaço comercial por nossa conta para dançarmos que nem loucos. O gerente dançava também, e ria-se tanto, tanto, tanto... e aumentava estrondosamente o som da música cada vez mais ao perceber que estavamos extasiados com tudo aquilo. O café era todo nosso. Desviámos mesas e cadeiras. Gorros, cachecois e casacos foram postos de lado...

Lá fora continua a nevar. Faz cada vez mais frio e o dia está quase a terminar. O sol já se está a pôr. Temos de regressar. Mas a folia é mais forte do que nós. Abraçamos-nos e dançamos como queremos. Rimos da situação. Porque ela é nada mais, nada menso que hilariante. Mas faz-nos pensar que este acolhimento aqueceu-nos. Em todos os sentidos, mas principalmente, ao nível da disposição para encarar as situações da vida. Este gerente deu-nos o exemplo de rebeldia, atitude, acolhimento, integração, animação. Todos nós, também, podemos escolher as atitudes a tomar: deixar marcas nos outros, ou simplemente deixar a vida passar por nós...

3.11.07

Não Te Deixes Morrer Lentamente...

Morre lentamente
Quem não VIAJA,
Quem não LÊ,
Quem não OUVE MÚSICA,
Quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente Quem destrói seu amor próprio, Quem não se deixa ajudar. Morre lentamente Quem se transforma em escravo do hábito Repetindo todos os dias os mesmos trajecto, Quem não muda de marca, Não se arrisca a vestir uma nova cor ou Não conversa com quem não conhece. Morre lentamente Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, Justamente as que resgatam o brilho dos Olhos e os corações aos tropeços. Morre lentamente Quem não vira a mesa quando está infeliz Com o seu trabalho, ou amor, Quem não arrisca o certo pelo incerto Para ir atrás de um sonho, Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, Fugir dos conselhos sensatos... Vive hoje ! Arrisca hoje ! Faz hoje ! Não te deixes morrer lentamente!
Pablo Neruda, poeta chileno, considerado um dos mais importantes literatos do século XX. A sua obra é lírica, plena de emoção e marcada por um acentuado humanismo. É, certamente, um verdadeiro sábio. Assim como ele sei, também, que morre, lentamente, quem não vive e não se atreve. Morre quem se deixa levar e quem não se questiona. Quem não muda, quem não inova, quem não diz "não" e vive serenamente o "sim". Quem não ultrapassa os limites apesar de todos os receios. Quem não vai e parte apesar de saber que pode ser loucura. Quem não conquista. Quem não perde. Quem não renega ao certo para partir em busca do incerto. Simplesmente, apenas quem não sonha é quem não vive...