15.9.07

Estive na "CONA" em Ljubjana!!!

Estou em Ljubjana, capital da Eslovénia. Depois de ter passado a passagem de ano 2006/2007 na Croácia, parto então, de camioneta, em direcção à minha Lisboa, percorrendo várias cidades até lá. Atravesso a fronteira, e paro, em pleno Inverno, em Ljubjana, dia 1 de Janeiro 2007!!! Já é de noite. O autocarro estaciona ainda um pouco longe do centro da cidade. Cansado, por ser o percurso de viagem de regresso, custa-me querer ver mais uma cidade, e emaranhar-me na sua cultura. Quero antes dormir. Uma casa. A minha família. Um aconchego de uma mãe que nos prepara o nosso prato preferido após vários dias fora, e que nos faz a cama de lavado, para podermos sentir, facilmente, o cheiro a frescura, doce e suave de um, verdadeiro, amor: o de mãe.
Apesar do cansaço, do frio de rachar, e após, agasalhar-me com gorro, luvas e casaco quente, tento, já exaurido, percorrer uma nova cidade, mas sem antes me alimentar. Por isso, percorro ruas, sem ter mapas, até encontrar um local onde me sinta confortável. E encontrei! Uma pequena praça, toda iluminada com os enfeites de Natal, fazendo-me sentir um pouco todo o aconchego do natal de família que estava mesmo a precisar. Sento-me no chão junto a um canto, e ali mesmo, tiro da sacola os meus sumos, as minhas sandes vegetarianas, as frutas, e como sem pensar em nada. Ali me deixo estar, confortável, e aprecio. Vejo. Suspiro. Sinto simplesmente. E respiro o mundo.
Quero chegar até à praça central. Percorro ruas e mais ruas. Encontro outros que comigo fazem também esta viagem. Eis que se não quando, me deparo com um sinal de trânsito na rua que vai dar acesso à praça. Um sinal meio estranho. Estupefactos gargalhamos ao ler "CONA"... Será um sinal de proibido? De Obrigação... de ir à CONA? E acreditem que não sou nem estou a ser ordinário! Mas lá que nos rimos, isso é que rimos!!!
Ouvimos música vinda da praça. Com o chão meio escorregadio, por há horas atrás ter estado a chover, corro em direcção para onde todas as pessoas também se dirigem... vejo uma imensidão de gente. Pergunta: Que fazem estas pessoas dia 1 de Janeiro às tantas da manhã na rua, quando ontem é que foi a passagem de ano? Resposta estúpida imaginária: Talvez os Eslovenos só celebram a passagem de ano um dia depois de toda a gente! Não sei ao certo a resposta, mas pelo que me pude aperceber, penso que é ritual, estenderem a data de festejo por mais alguns dias.
Furo a multidão. Vou até perto do palco onde decorre um concerto, e aí, apesar do cansaço, a música consegue invadir-me e entranhar-se em mim. Salto, danço, canto. Fico rouco devido ao frio. E em alegria sincera, os "Portugas", como sempre, começaram a realizar o já habitual "comboio" de pessoas. Os Eslovenos, num desejo ardente de participarem na brincadeira, timidamente, olham-nos de soslaio. Alguns ainda se atrevem, outros permanecem no mesmo sítio: Impávidos e serenos.
"PORTUGAL"... respondemos nós quando a artista nos pergunta, directamente, de onde somos. E convida-nos então a dançarmos mais uma música. No meio de um mar de gente, olho para o lado e, inexplicavelmente, encontro um amigo de Lisboa, o qual já não via há muito tempo. Após alguns abraços (e também empurrões no meio do concerto), matamos saudades, mas minuto a minuto não nos cansávamos de exclamar: "Que coincidência! Encontrar-mo-nos na Eslovénia, num dia mais do que improvável... o primeiro dia do ano, e ainda por cima a esta hora tardia!!!". Sim... certamente se tivéssemos combinado, de certeza que não nos encontraríamos...
Já me doi tudo e mais alguma coisa. Estou de rastos, e cambaleando, percorro noctívegamente pela cidade. A cidade tem encanto. "É linda" - dou por mim a pensar. Contribuindo para tal, as luzes de natal que iluminam de forma especial os monumentos, o rio, as casas, e tudo o resto.
Sinto, verdadeiramente, Ljubjana como sendo uma cidade romântica, em que é possível, ao longo da marginal do rio, desfrutar de um belo passeio de mão dada. Vejo os outros de mãos dadas. E outros a iniciarem namoros. Olho para trás e vejo a Rita e o Guedes num encontro que não estava à espera. Fico também com vontade... mas sigo em frente, sozinho, e aprecio esta tranquilidade que esta cidade me transmite.
Sento-me na escadaria de uma das igrejas que ficam perto da praça central. Estou cansado. Ao meu lado vem também sentar-se, alguém da terra, já um pouco ao som da "copofonia". Estranho? O que quererá... penso eu. Começamos por conversar sobre a cidade. É um rapaz de 27 anos, de nome desconhecido. Comigo, permanece ali, e após um longo periodo de conversa "deita-fora", começou a surgir entre nós algumas das dúvidas, engraçadas, que sempre nos perseguiam. Anotei-as. Deixo-vos aqui algumas delas, após ter registado no meu caderno de viagens:
- Porque é que as lojas abertas 24 horas possuem fechaduras?
- Para que serve o bolso de um pijama?
- Se o Super-homem é tão inteligente, porque é que usa as cuecas fora das calças?
- Porque é que os Flinstones comemoram o Natal se eles viveram numa época anterior a de Cristo?
- Como se escreve zero em algarismos romanos?
- Porque é que as pessoas apertam o comando da televisão com mais força, quando a pilha está mais fraca?
- Como é que as placas "Proibido pisar a relva" é colocado?
Um momento bastante engraçado, e que desde já, proponho a quem conseguir desvendar alguns destes mistérios que me diga, com a maior brevidade possível. A minha saúde mental poderá estar em risco!
De facto, Ljubjana é uma cidade muito bonita. São várias as pontes que percorrem o rio Ljubljanica que banha e percorre toda a cidade, e as casas estão pintadas de várias cores, pintando de uma beleza única esta cidade.
A "ponte dos sapateiros" é a terceira passagem mais popular de Ljubljana sobre o rio. Anteriormente, esta era uma ponte de madeira, um espaço caracterizado para as oficinas dos sapateiros (daqui o nome). A ponte actual tem uma aparência distinta de todas as outras. Andei na sua plataforma e observei que dela fazem parte colunas de pilares altos, cobertos em cima com esferas de pedra. É uma das pontes mais percorridas e visitadas da cidade.
Tem, certamente, um encanto natural. Uma cidade pequena que, facilmente, aproxima e apaixona. Aproxima-nos e acolhe-nos na sua beleza e apaixona-nos porque nos emociona, e faz-nos vibrar, em nós, sensações de embalar tristezas, medos e anseios. Uma óptima cidade para desfrutar sozinho. Para pensarmos, meditarmos em novos rumos, em novos projectos, em novas prioridades, e naquilo que nos faz mover.
Estou cansado. E hoje mesmo regresso a casa. E sei que há minha espera tenho sempre alguém de braços abertos para me acolher. Mais uma viagem, e mais um "poema cantado que eu inventei" e pus a minha alma a cantar...
Castelo de Ljubjana
Rio Ljubjanica e Praça Central

2 comentários:

Cláudia Anjos Lopes disse...

Adorei a sua descrição da viagem, da cidade, as fotografias... Um dos meus sonhos antigor era ir a Maribor, se alguma vez pudesse. Agora acho que já não passaria sem ir também a Ljubljana...

Anônimo disse...

Já lá estive durante o verão onde numa praça (não sei se é a mesma) têm chuva postiça, sim postiça, e por baixo dessa granda area onde chove têm um sínal a dizer: "Esta é a única chuva que se arranja em Ljubjana durante o Verão."

Grande terra