29.8.07

Planisfério Pessoal

PLANISFÉRIO PESSOAL, de GONÇALO CADILHE. O meu livro de viagens favorito. E é sobre que ele que, hoje, gostaria de falar. Porque este não é um livro qualquer!!! É um livro de viagens, de emoções fortes, de horizontes vastos e sublimes. Um livro sobre a vida que povoa este planeta fantástico, vulgarmente denominado “Terra”. Gonçalo Cadilhe, nasceu na Figueira da Foz em 1968, onde reside habitualmente. Precisou de uma licenciatura em Gestão de Empresas e de sete meses a picar o ponto para compreender que não tinha percebido nada da vida: tudo o que lhe interessava encontrava-se na direcção oposta. Despediu-se do emprego, da família e do país e começou a viajar e a escrever. O autor teve uma ideia, que parece simples e se revela afinal de uma enorme complexidade e riqueza: dar a volta ao mundo, durante 2 anos, sem utilizar o avião, sempre por terra e pelo mar, de camioneta, cargueiro, à boleia, bicicleta, comboio ou lancha, a pé, de carro ou qualquer outro tipo de “viatura” que consiga arranjar.
Começamos a ler e rapidamente mergulhamos totalmente na viagem, nas descrições curtas, que nos sabem a pouco e damos por nós a sentir vontade de ficar um pouco mais em cada um daqueles locais, em conhecer um pouco mais algumas daquelas pessoas maravilhosas, a beber nelas a sua esperança de viver.
Por vezes a emoção tolda-nos a visão e as lágrimas indiscretas obrigam-nos a uma pequena paragem, a um momento de reflexão, como este em que estou a escrever estas linhas. Afinal para quê tantas das nossas tristezas e mágoas existenciais? Somos no fundo uns ignorantes, com pretensões estúpidas de sabedorias medíocres. O que conhecemos nós do mundo, para além da pequenez do nosso terraço? Como podemos permitir sentirmo-nos pobres, quando a comida não nos falta a cada refeição e as moedas nos pesam nos bolsos? Ouvimos falar do resto do mundo através das televisões, que nos controlam deliberadamente as emoções e se mesmo assim tudo é muito forte, mudamos de canal com a facilidade que advém da nossa condição de privilegiados.
Gonçalo Cadilhe quis ver com os seus olhos, sem intermediários nem encenações, puro e duro, com tanto de cruel como de maravilhoso, chocante e deslumbrante ao mesmo tempo e com todas as sensações à flor da pele, e atreveu-se a viver, e trocou a sua carreira, talvez promissora, para poder conhecer os lugares mais remotos do planeta… Fez-me imaginar sítios onde nunca irei, provavelmente. E para quem gosta de viajar, assim como eu, talvez chegue mesmo a sonhar, a chorar, e a emocionar-se. E melhor: a conhecer seres humanos que seria um desperdício nunca conhecer.
O facto de ser uma viagem não apenas a lugares, mas à descoberta das pessoas que há nesses lugares é fascinante, sobretudo porque, ao terminar a leitura, percebo, uma vez mais, que somos todos bastante parecidos, quando limpamos o pó das aparências.Adorei o livro, porque todas as experiências que conta, de alguma maneira me aproximaram daquela noção de humanidade como um todo. Somos todos uma espécie. Todos somos todos, independentemente da vida que escolhemos ou de quem somos. As aparências são meras máscaras. E o nosso “Eu” é muito idêntico ao de outros, porque afinal, somos Humanos, somos irmãos… É um livro que eu não vou esquecer!
Obrigado Gonçalo pelas viagens e sonhos que me proporcionaste!

2 comentários:

Anônimo disse...

"percebo, uma vez mais, que somos todos bastante parecidos, quando limpamos o pó das aparências"..e com este excerto fiquei a adorar-te ainda mais.És um ser humano especial que eu tenho o privilégio de conhecer...embora a precisar de por a conversa em dia pessoalmente. A caracolada já era...pensemos noutro petisco.

Bjs Nélson e mais uma vez, parabens pelo blog.
paulinha

Preciso ir disse...

"Planisfério Pessoal" é o meu livro favorito de Gonçalo Cadilhe, o português viajante que mais admiro. É humilde o suficiente para conseguir verbalizar a essência dos lugares que percorre com lucidez; uma tarefa dificílima.

Parabéns pelo teu blogue.
Bárbara