Vindos de várias partes de Portugal, Argentina e França para a participação neste evento único: o IV Yôga na Neve, com a participação de mais de 80 Yôgins pertencentes à Universidade Internacional de Yôga, agendado para os dias 1, 2 e 3 de Fevereiro de 2008, nos chalés da Montanha na Serra da Estrela.
Apesar da falta de neve no início do encontro, o frio esteve sempre presente. Os agasalhos, luvas, gorros e cachecóis fizeram parte do vestuário de todos os participantes.
Eu, a Joana e o Paulo chegámos antes de todos os participantes por pertencermos à equipa organizadora. Depois de tudo apostos, fomos para o chalé. Acendemos a lareira (com papel higiénico na falta das acendalhas… uma grande destreza, digo-vos!!!), abrimos o sofá, mantas em cima de nós e almofadas para cada um, e ali ficamos, na ronha, até à abertura do evento. Simplesmente a descansar. Sabíamos que este seria um dos poucos momentos de descanso, e por isso, aproveitámo-lo ao máximo.
E porque não aproveitar para bebermos, primeiramente, um chá, para depois podermos então descansar? Sim… levantámo-nos, e fomos preparar o chá. Mas surgiu-nos a questão: “não havendo passador, como beberíamos o chá?” – “com uma meia” – respondi eu, numa tentativa de brincar com o pessoal. – “com uma meia? Boa!” – respondeu a Joana! “Eu tenho ali uma minha. Vou buscá-la”. Fiquei estupefacto a olhar para o Paulo. Disse-o na mais pura minha ingenuidade, e a Joana aceitou a proposta. Com uma meia na mão, rasgou-a e colocou-a à volta do bule, fazendo de passador. Foi, certamente, um momento único de risada geral. “chá de unha”, uma proposta para o nome…
Logo após a distribuição de todos pelos vários chalés, iniciou-se, então, o encontro com a realização do Ashtánga Sádhana (prática completa de Yôga), seguindo-se uma prática de alongamento e flexibilidade. Permanecer mais de 15 minutos na posição de upavista konásana? As pernas afastadas e o peito no chão por entre as pernas??? Para muitos uma loucura, mas a maioria aguentou… Após o fim desta prática de grande flexibilidade, estávamos, sem dúvida, preparados. O início estava dado! Grande professora argentina Anahí Flores!!!
Realizou-se, assim, a abertura oficial do evento com todos os ministrantes e apresentação da equipa organizadora, e do programa: práticas de Yôga, meditação, relaxamento, nyása, purificação das emoções, coreografias, pránáyámas, pratyáhára, e festa… muita festa…
Os Ministrantes
Parte da Equipa Organizadora... MEDO!!!! lol
Reunimo-nos, à noite, para realizar "Sat-Sanga". Sentados em samanásana (pernas cruzadas), repercutindo o "pronam mudrá" (palmas das mãos juntas frente ao peito), vocalizámos, por mais de 2 horas seguidas mantras. A alegria era evidente na expressão das pessoas. Grandes sorrisos e a expressão de muita felicidade ali presente. E o porquê desta felicidade? Questiono. Talvez seja o facto de sentirem identificados com outros que ali estão, também, presentes. Que há outros iguais a nós que pensam e sentem da mesma forma; que querem o mesmo para as suas vida; que têm objectivos idênticos; que sabem o que querem; que apostam na vida com qualidade, no auto-conhecimento, no desenvolvimento das capacidades de auto-superação, entrega, doação. Um yôgin é isto mesmo: é alguém que busca o melhor para si e para os outros; que tenta aprimora-se dia a pós dia e que se concentra a fim de obter aquilo que deseja.
O resto da festa foi feita nos chalés. Juntámo-nos, alguns de nós, em chalés alheios para estarmos simplesmente juntos. Eu, a Joana e o Paulo patrocinámos um chai para todos os que ali se encontravam, e ali permanecemos na alegre cavaqueira até tarde.
O programa de práticas para o primeiro dia havia terminado muito para além do anunciado, e a dormida muito para além das expectativas de cada um. Mas não foi por essa razão que o segundo dia começou mais tarde. O dia começou bem cedo, logo às 08h30, com práticas de yôga avançadas, a abrir o apetite para o pequeno-almoço.
Durante a tarde, por entre as práticas, e aproveitando o pouco tempo livre, fomos até à Torre, onde aí nos pudemos deleitar com a neve. Existia uma imensidão de neve. Estava frio. Agasalhamo-nos. Brincámos e, conseguimos realizar guerras de bolas de neve. BBBBRRRRR… há que dar a mão à palmatória… levei com duas na cara!!!! Enquanto ali tivemos aproveitámos o tempo ao máximo, podendo desfrutar da energia que era transmitida por este local.
A noite? Carnavalesca!!! Primeiro com as coreografias de SwáSthya Yôga da Instrutora Sara Garcia e Sónia Saraiva, e posteriormente, a celebração do Carnaval. “Apita o comboio”… o êxito no hotel. Há que dizer que os recepcionistas ficaram com um pouco de inveja. Mascarado de Wally e com música baixa para não acordarmos os residentes, tivemos de transportar a festança para os chalés de cada um.
Sim… a festança foi sem dúvida no nosso chalé. Que diga a Joana que teve a destreza de comer, em menos de nada, um POTEZORRO de “Nutela”!!! A risada tornava-se contagiante e, por isso, ninguém quis perder pitada do divertimento. Ficámos, por mais uma vez, até tarde, no aconchego e conforto da lareira, a partilhar sentimentos. Um dos significados do Yôga é união, e nada melhor do que estarmos juntos para aprendermos com os outros a crescer interiormente.
O check-out fez-se no dia seguinte, após o terceiro dia de práticas. Algo marcante, sem dúvida, pela intensidade do evento e pela partilha comum de vivências. Diz-se que o yôgin é uma pessoa com energia e vitalidade muito acima da média. Este foi mais um exemplo de como, realmente, isso é verdade. A alegria, sinceridade, energia, boa disposição reinou mais uma vez na Serra da Estrela. Em nós ficam marcadas “tatuagens” e, na memória, lembranças de tempos felizes… A serra espera-nos para um próximo evento...