Vão poluindo o percurso Com as sobras do discurso Que lhes serviu para abrir caminho. Á custa das nossas utopias Usurpam regalias Para consumir, sozinhos. Com politicas concretas Impõem essas metas, que nos entram casa dentro. Como a trio lateral Com a treta liberal e as virtudes do centro. No lugar da consciência, A lei da concorrência pisando tudo pelo caminho. P’ra castrar a juventude Mascaram de virtude O querer vencer sozinho. Ficam cínicos brutais, Descendo cada vez mais, Para subir cada vez menos. Quanto mais o mal se expande Mais acham que ser grande é lixar os mais pequenos. Quem escolhe ser assim Quando chegar ao fim Vai ver que errou o seu caminho. Quando a vida é hipotecada, No fim não sobra nada, E acaba sozinho. Mesmo sendo os poderosos Tão fracos e gulosos que precisam do poder. Mesmo havendo tanta gente Pra quem é indiferente passar a vida a morrer. Há princípios e valores, há sonhos e há amores que vão sempre abrir caminho. E quem viver abraçado à vida que há ao lado, não vai morrer sozinho.
José Mário Branco
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