28.2.10

Verdadeiros Flocos de Neve

Já tive a oportunidade de estar em diferentes locais com temperaturas um pouco agrestes. Estes dias que aqui estive também não foram excepção. Foram, relamente, rigorosos! Além do frio, a chuva caía de forma intensa, cobrindo, os automóveis, as casas, as árvores, gorros e chapéus de chuva.


No entanto, uma coisa aqui descobri e que nunca tinha visto. Que os flocos de neve são em forma de estrela, como sempre tive no imaginário. E vê-los cair, desta forma, fez-me invadir de uma alegria tão grande. Vê-los foi perceber que a natureza é, realmente, bela e comovente.

Um dos Flocos de Neve

A Família Taciak

Sinceramente, nem sei muito bem como descrever, nem o que falar sobre a família Taciak que nos acolheu durante 4 dias. Há tanto para contar. São tantos os sentimentos. Foram tantas as vivências em conjunto. Nunca, em todos os 7 encontros internacionais em que já participei, fui tão bem acolhido. It's True!


Apresento-vos aqui a "foto de família" completa, tirada para um momento mais formal. No entanto tenho outras, mais informais, que ao vê-las trazem-me sensações de grande felicidade conjunta.

O pai (Antoni) é um homem acima dos 50 anos de idade. Profissionalmente trabalha na área da vinicultura e durante alguns anos trabalhou na Alemanha, e por isso, ainda hoje consegue falar algumas palavras de alemão. Inglês nada! Tem uma paixão pela música, e lá em casa respira-se música. Conserva até hoje um gira discos antigo, que tem a honra de o pôr a trabalhar em ocasiões especiais, tal como, o jantar de ano novo. 

A mãe (Antonina) é proprietária de uma loja de roupa, situada mesmo ao lado de casa. Inglês nada, também! Mas fala. E muito! Fala com os olhos, com o sorriso e com os gestos. É religiosa e a mentora por levar para o resto da família o espírito de Taizé, em querer acolher jovens na sua casa. Foi por ela que, no regresso, chorei quando me despedi da família, porque mesmo não falando, ela foi capaz de me dizer tanto, em silêncio, pelo seu testemunho de vida.

Nóes com a Maria Taciak

A Maria, de 16 anos, era a filha mais nova. Foi ela que nos fez o primeiro acolhimento, dando-nos a conhecer a sua pequena vila. Maria é uma menina prodígio. Um pouco envergonhada, mas sabe cantar como ninguém. Fiquei estarrecido ao ouvi-la, e de boquiaberta ao vê-la a tocar piano.

A Mónika, era a irmã mais velha. Com ela não tivémos muito contacto porque, devido ao trabalho, não pôde estar muito tempo connosco.

Contudo, Maegorzata (Gôsia), a filha do meio, e a única da casa que sabia falar bem inglês, foi com quem tivémos mais contacto. A entusiasta da família, curiosa e aventureira por natureza. Contou-nos e mostrou-nos em fotografias que já tinha estado em Portugal com o namorado, percorredo-o de Norte a Sul. Regressou para a Polónia à boleia. Grande maluca!


Recordo, tantos bons momentos juntos. Recordo o cão da família a roer-me as peugas debaixo da mesa. Recordo a comida que a família nos fazia. Recordo as gargalhadas dadas ao tentarmos cantar Karaoke em polaco. Recordo o sorriso da "nossa" mãe e a alegria que sentia em ter-nos lá em casa. Recordo cada coversa. Recordo o dinheiro que a "nossa" mãe nos colocou na algibeira para lancharmos, tal como fosse a nossa própria mãe. Recordo pequenos gestos. Recordo noites acordadas a falarmos. Recordo a música cantada ao piano. Recordo a viola, a passagem de ano, o enorme bolo, a gentileza, a disponibilidade. Recordo tanto!!!! Esta é mais uma família que ganhei e tenha  certeza que a família Taciak também cresceu!

16.2.10

De Portugal ou de Malta?

Fomos um dos últimos grupos a ser alojados. Mas ficámos no centro de Kórnik.
Foram 2 crianças polacas que se voluntariaram para nos ensinarem o caminho até à nossa casa. Á chegada, teríamos, obviamente, muitas expectativas sobre a família que nos iria acolher.
Batemos à porta, e alguém nos abre a mesma.

A casa da Família Taciak

No outro lado, encontramos o pai (Antoni) e a filha de 15 anos (Maria) com um sorrido de todo o tamanho. Eles já nos esperavam à algum tempo. É uma família composta por 5 pessoas. Contudo, no momento em que entrámos em casa, só se encontrava o pai e a filha mais nova. Ambos não sabiam falar Inglês.   

Apresentámo-nos, dizendo cada um o seu nome. E a pouca conversa que nos surgiu era de tal forma simples para podermos exemplificar com gestos.

Apontámos para o cão que o pai trazia no colo e fizémos-lhe um sinal de "fixe" com o dedo polegar para cima, mostrando-lhes que o cão era tãããããõooooo fofinho!


O pai, olhou para nós e pronunciou - "MALTA".

Pela dificuldade de comunicação, sorrimos entre nós e respondo ao mesmo tempo que gesticulo:
- "MALTA NÃO! ESPANHA... PORTUGAL", querendo a todo o custo mostra-lhe que não somos de Malta, mas Portugueses.

O pai sorri ainda mais que nós. Ficámos a olhar para ele sem saber o motivo. Acena com a cabeça e aponta para o cão, verbalizando mais uma vez  - "MALTA".

Conclusão: Cão Maltês. Portugueses anormais. Risada geral.

Em Kórnik: Alojados Longe Do Centro de Poznan

Depois de nos darem todas as indicações no acolhimento, o grupo no qual eu tinha ficado, partiu em direcção à localidade que nos iria alojar. O grupo EK08 iria para Kórnik, um pequeno vilarejo a quase 1 hora de distância do centro de Poznan.  

O grupo EK08

Apanhámos um eléctrico velho e mais uma camioneta a cair de madura. Aqui, tudo parece ter-se cristalizado no tempo. As coisas são antigas e com um ar sinistro de tal forma que nos faz parecer retornar aos anos 70, aos períodos de guerra. Mas mesmo assim, conseguimos chegar ao nosso destino.

À chegada, estavam também outros voluntários à nossa espera com cartazes que nos davam as boas vindas em várias línguas: "Dobrodosli", "Bun Venit", "Witamy", "Welcome", "Bem-vindo" e "Bienvenue".

Levaram-nos até ao salão próximo à igreja para aí podermos descansar, aquecer um pouco e comer alguma coisa. Nele estavam também outros pessoas de outras nacionalidades que tal como nós, tinham acabado de chegar.

A Igreja de Kórnik


Distribuíram os grupos pelas casas de acolhimento. Alguns de nós tiveram de ficar alojados para além de Kórnik, ainda a uns bons quilómetros. Outros, como eu, ficaram mesmo no centro da vila, tendo ficado na mesma casa com mais outros 2 portugueses: o Nuno e o Jorge.

Talvez tenhamos sido o grupo que tenha ficado mais distanciado do centro do encontro internacional de jovens. Mas a distância, permitiu uma coisa: que entre nós se tenha estabelecido laços de amizade profundos, possibilitados pelas longas conversas dentros dos transportes públicos.  Bons momentos estes passados em conjunto!  

O Jorge que nunca quer aparecer nas fotografias. Defeito de fotógrafo!

A Separação na Chegada a Poznan

Já lá vão 4 dias desde que parti de Portugal.
Já passei por tantos locais. Já parei em tantos países. Já conheci tanto que faz-me parecer que ando a viajar há mais de uma semana. Mas é por este facto que também já começo a sentir algum cansaço, pelas noites mal dormidas, e as comidas mal comidas!


Chegamos a Poznan (Polónia) no dia 29 de Dezembro, pela manhã. Lá fora, está um frio de rachar, e encontro junto a umas árvores as boas vindas, em várias línguas, a todos aqueles que vão chegando. Encho-me de alegria por ver voluntários que nos vão dando as boas vindas, desejando-nos um bom encontro, e ajudando-nos com o carregamento das bagagens. Saimos do autocarro e "desencaixotamos" a bagageira repleta de malas, e com elas às costas seguimos até ao local do acolhimentos dos portugueses.


No local do acolhimento recebemos todas as informações de como se processará o encontro: indicam-nos os horários dos workshops, entregam-nos um mapa da cidade, um pequeno rádio para podermos ouvir as traduções, a distribuição das tarefas para voluntariado, e umas tantas outras informações disponíveis em papel que carregamos dentro da mochila.

Informam-nos também que um grupo tão grande não poderá ficar todo junto, até porque, há mais famílias a quererem acolher jovens do que o número existente de jovens para serem acolhidos. Desta forma, deveremo-nos separar em pequenos grupos de 10, para posteriormente sermos separados pelas várias regiões da cidade, voltando-nos a reencontrar a meio, ou para alguns, no final do encontro.

O grupo dos portugueses do EK08

Após alguma confusão na separação do grande grupo, fiquei então inserido num grupo de 11 pessoas que ficou alojado a 1 hora de Poznan, na localidade de Kórnik. A identificação com o grupo foi evidente. Um grupo super porreiro e com um humor exepcional.

Para que não nos perdessemos uns dos outros no meio de tanta bagagem, de pessoas e transportes públicos, a cada um foi atribuído um número de 1 a 11, que cada um gritaria o seu por ordem crescente. A risada foi geral, especialmente em situações de correria para apanhar transportes até chegada a Kórnic.

Luzes de Natal Mudam a Perpectiva

Chegamos a Praga ao início da noite. O autocarro estaciona perto da ponte Carlos. A maior parte dos que vieram comigo viajar ainda não conhecem a cidade. Uma vez que aqui estive recentemente, no mês de Abril, não me importo de fazer de guia: poupamos tempo e, ao mesmo tempo, tenho o previlégio de lhes mostar as ruas e monumentos que me marcaram quando aqui estive.    

É certo que não lhes pude mostar a totalidade da cidade, pelo pouco tempo que dispunhamos. No entanto, a "créme de la créme" de Praga foi vista. Percorremos a Catedral de S. Vito, a Rua Nerudova, a Igreja de S. Nicolau, a Ponte Carlos, a Praça da Cidade Velha, e o relógio astronómico.

Está imenso frio na rua. Tanto, que somos incapazes de permanecer mais de 2 ou 3 minutos em cada local visitado. Por isso, a caminhada faz-se rápida e com longas passadas até chegarmos ao nosso destino. Mas em cada local, há algo que estranho e que torna ainda, esta cidade, algo mais especial. Há algo que me faz reencantar por Praga. Observo atentamente e percebo que as luzes de Natal e o brilho da decoração fazem da cidade, uma cidade com outro brilho e beleza.     

 
Praça Central de Praga

Lembro-me de ser criança e sonhar ao sabor do filme "Sozinho em Casa", e observar grandes e luminosas árvores de Natal. Chego à praça central de Praga e a beleza que outrora encontrei aqui está agora redimensionada numa outra perspectiva que me faz recordar os tempos de meninice, de quando sonhava um dia poder passar esta época natalícia envolto neste espírito.

Senti-me de volta ao meu mundo infantil. 
Foram as luzes brilhantes, as árvores gigantes, e os monumentos ornamentados. Foi o frio, os gorros na cabeça e as luvas calçadas. Foram as gargalhadas entre amigos e o chocolate quente. Foi tudo isto que fez deste momento, um momento completamente diferente daquele que vivi.

Por isso, acredito que revisitar cidades e locais é, sempre, uma experiência diferente. Os momumentos são os mesmos, mas a forma como vivemos o momento, esse depende sempre de causas exteriores: As luzes mudam a nossa perspectiva! 

7.2.10

Haverá Melhor...

...do que poder dormir em Munique, almoçar em Salzburgo e jantar em Praga???? Adorei!!!! (28 Dez. 09)

Jantar num dos restaurantes da praça central de Praga

A Cidade Vista da Fortaleza de Hohensalzburg

Conhecendo pouco da cidade, sabia única e exclusivamente, que deveria ir até ao castelo. Não sei bem o porquê.  Mas tinha-me dito que, se não conseguir ter muito tempo para ver Salzburgo, pelo menos teria de ir à fotaleza de Hohensalzburg, situada no cimo do Monchsberg. E foi isso que fizémos!


Num pequeno grupo, e um pouco apressados, fomo-nos seguindo uns aos outros em direcção ao funicilar, a partir da Festungsgasse. A subida foi rápida, demorando menos de 3 minutos. E lá de cima, encontrei a melhor vista panorâmica da cidade, com uma silhueta inconfundível. E nesse momento entendi, perfeitamente, o conselho para visitar esta fortaleza, a 120 metros de altura, considerada a maior e mais bem conservada da europa central.

A vista da cidade da fortaleza Hohensalzburg

Daqui de cima, observam-se torres e telhados que se extendem sobre toda uma textura urbana que mostra vestígios de distintos estilos (barroco, gótico, românico), com a catedral como um dos elementos destacados. 
Juntam-se aos estilos, as casas senhoriais de uma burguesia sensível à beleza. Juntam-se, também, fontes, estátuas, jardins e um rio que corre pelo meio desta urbanidade, completamente integrado numa imagem idília. 
A Fortaleza Hohensalzburg
Contemplo esta paisagem, por mais algum tempo. E por cada tempo mais que ali fico, sinto em mim uma vontade incontornável de memorizá-la. São imagens como estas, que certamente, para além da fotografia, queremos guardá-la nas nossas memórias internas, desejando, sempre, que elas possam fazer parte, das nossas vivências, até ao momento de morrermos.

E quando partir, sei que terei vivido. Fecharei os olhos, e recordarei cada um destes lugares especiais. E esta vista, estará, também, lá presente!