18.1.10

Em Busca do Pin Encantado

Chego ao alojamento no Mosteiro Beneditino à hora recomendada. E quando chego, lembro-me que, pelo entusiasmo de conhecer a cidade, esqueci-me de comprar o pin de Munique, tal como é habitual, em qualquer outra cidade que vou.

Não há ninguém que se disponibiliza a correr comigo, para encontrar a estas horas da noite alguma coisa aberta. Fico um pouco sem jeito de tentar convercer alguém, apenas por um capricho meu. Além do mais, a noite estava gélida e o que todos menos queriam, era vaguear pela cidade.

A Andreia foi a única que se disponibilizou. Nem acreditei. Comecei logo a andar rápidamente, antes que pudesse desistir. Mas não. Acompanhou-me, sempre, na passada forte e ofegante, ao ponto, de observarmos o fumegar da nossa respiração. E nao desistiu.

Pelo caminho fomos conversando e conhecendo-nos melhor. Também ela é assistente social. Mais entusiástica que eu, na forma como fala na importância da defesa dos direitos humanos dos utentes que acompanhamos. Além disto, também descobri, que é uma incondicional mochileira, e que gosta de se fazer à estrada e partir vezes sem conta, seja com quem for.



Pelo caminho, até à estação ferroviária, observamos pequenos grupos de peões que aguardam, disciplinadamente, pelo sinal verde para atravessar a rua. Cheios de pressa, pelo tardio da hora, e com algum receio de não conseguirmos descobrir nenhuma loja aberta para comprar o meu pin, aderimos à maioria e aguardamos a nossa vez, irrepreensívelmente, mesmo sem avistar qualquer veículo nas imediações.

As “más tradições” lusas de comportamento social, como atravessar as vias fora das passadeiras ou quando o semáforo para peões está encarnado, são rapidamente esquecidas. Segundo a Andreia, aqui, as regras – estas e outras – são assumidas como obrigação.

Foi quase difícil de acreditar que estávamos na terceira maior cidade da Alemanha... O trânsito, esse, não era de todo intenso, e nós, ali, especados ao frio à espera de um sinal verde, quando, incompreensivelmente, ninguém está a circular pelas ruas.

Dentro da estação ferroviária consegui encontrar o pin. Estendo a mão, recebo o troco, agradeço e ponho-me a andar de volta para "casa". Quanto à Andreia, muito obrigado pela companhia. Quanto aos alemães, que tal uma aventura de vez em quando? Se lhes disseste que em Lisboa, raras são as vezes que são respeitados os sinais, acham que eles ficariam muito chocados????

Um comentário:

@ndrei@zul disse...

ora caro colega, temos sempre que apoiar alguém da classe.. além do mais, você precisava claramente de um acompanhamento social e não podia ficar sem resposta.. às vezes é mesmo assim.. temos que dar muitas voltas até chegar ao encaminhamento certo, certo?! ;)

não me considero mais entusiástica que o caro colega.. apenas menos experiência e nada de porrada no CV pra me permiter uma perspectiva mais naif dos indíviduos em causa...

pois.. lá está a diferença.. eu sou mochileira e mais uma vez pouco experiente.. o sr. dr. é viajante profissional..

o problema da Alemanha não é "entrarmos na onda" e cumprir as regras, é mesma a questão dos 30€ de multa por atravessar fora da passadeira e com semáforos vermelhos..

e depois é a "velha questão" das gemeralizações.. há alemães que quebram todas as regras, por isso há quem não ficasse chocado de certeza.. e eu tenho um amigo tuga que no outro dia tive que, literalmente, OBRIGAR a atravessar a rua pq havia um sinal vermelho mas mais uma vez.. ninguém na estrada.. há de tudo, meu caro! ;)

obrigada pelo post simpático!

baci blu**