23.3.09

Discriminação: Aprender a Combatê-la

"São tantas as batalhas. É tão funda a dor. São tantas as imagens de abandono e desamor. Há gente caída no chão, sem ninguém que os abrace antes da escuridão" - uma frase da letra "antes da escuridão" de Mafalda Veiga. Uma frase que revela o abandono proporcionado pela discrimiação que realizamos diáriamente, muitas das vezes sem nos percebermos que a realizamos.
"Jovens contra a Discriminação" foi o tema do encontro que reuniu mais de 30 jovens, em França, vindos de vários paíse europeus. Alojados numa casa meio-arruinada, meio-clandestina onde permanecemos durante mais de uma semana para trabalharmos questões sérias acerca da discriminação através de uma dinâmica de educação não-formal.
O Grupo
A língua base de entendimento mútuo entre todos foi o inglês, embora nos pudessemos entreter a tentar falar um pouco de lituano ou grego. No entanto, a forma universal de entendimento foi sempre, mas sempre a língua gestual.
Primeiramente, os temas foram apresentados através de teatros exemplificativos dos vários tipos de discriminação mais evidentes por países. Daqui ressaltaram grupos de trabalho para os dias seguintes onde, em pequenos grupos, se debateram questões relacionadas com as dicriminações sociais (entre ricos e pobres); discriminações raciais (imigração) e discrimações sexistas (homem/mulher/gay/lésbica).
Discriminação Social
Discriminação Racial
Discriminação Sexista O interessante desta experiência europeia, para além de reflectirmos e debatermos sobre um tema comum e aprendermos que cada um pode criar situações de discriminação na vida quotidiana, e que a discriminação existe em diferentes países e em diferentes realidades; foi podermos desenvolver conhecimentos artísticos entre os participantes, a fim de construir um workshop sobre discriminação, evento este aberto à comunidade local de Rochefrort-en-Terre.
A actividade final dos diferentes grupos de trabalho consistiu, então, na apresentação pública, num bar da região (Café de la Pente - um bar freak, alternativo e com espírito comunitário), à comunidade local, de actividades que tinham como referencial a comunicação internacional através das artes (dança, performance, mímica, música, teatro, jogos etc.) para que a população local, de características conservadoras, pudesse compreender o motivo da permanência destes “estrangeiros” na sua terra. De toda esta experiência, saíram trabalhos bastante interessantes. Apesar das dificuldades de descoberta de competências, o empenho de cada um foi tal, que pudemos contar com a comunidade de Rochefort-en-Terre em peso para nos ver a representar. Jornalistas e presidentes de associações contra a discriminação estavam presentes. Foi o momento auge, de uma semana de esforço, aprendizagem e empenho.
Uma das Perfomances
Jornalistas em observação Alguns dos "actores"
Sem dúvida que não irei esquecer esta experiência de interculturalidade que tanto me fascina e move a partir vezes sem conta do meu próprio país. São experiências como esta que marcam pelo valor afectivo trocado com outros estrangeiros que partilharam a mesma dimensão que a minha: a luta por um mundo mais igual. Afinal, faço parte de grupos minoritarios que são discriminados diariamente. E tu, também não farás parte?

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