13.1.08

V. - Palexpo: Um Local de Simplicidade e Reencontro

Chegamos à estação “Genéve-Airport”, onde se encontra o pavilhão “Palexpo” e onde irá decorrer todo o encontro. Há jovens por todo o lado. A estação está repleta de jovens de todo o mundo. Ouvem-se várias línguas: Inglês, Francês, Russo, Letão, Espanhol, Italiano, Croata, Japonês, Sueco, etc…A bagunça é geral, porque todos se dirigem para o mesmo local. Alguns ainda se encontram com bagagens e ainda não conheceram a família de acolhimento. São filas enormes para podermos entrar. Vamos caminhando pouco a pouco atrás dos outros. Vamos metendo conversa ora com uns ora com outros. Sente-se uma felicidade enorme no ar. Em todas as conversas sente-se o mesmo: uma grande alegria por aqui estarmos e partilharmos juntamente, sem nos conhecermos, das mesmas convicções e dos mesmos valores.
Vamos seguindo o caminho pelos corredores da Palexpo. Olhamos em volta e vislumbramos uma paisagem magnífica. O Mont-Blac todo coberto de neve. Tudo está branco. Conseguimos sentir a brisa gélida que dali vem. Agasalhamo-nos com gorros, cachecóis e luvas. Aconchegamo-nos uns nos outros. Até entrar demoramos, aproximadamente, 45 minutos. Depois de entrar, mais uns 20 minutos em filas para podermos comer.

Todos os que aqui trabalham são voluntários. Uns distribuem os sacos da comida, outros as águas, outros a comida, outros desejam simplesmente “bom apetite”. Em todos eles há uma alegria contagiante. Espalham sorrisos. E retribuímos também sorrisos. A comida??? Bem… é pouca, na verdade. Também não há pratos, nem mesas, copos, ou mesmo talheres. Quem se esqueceu de trazer os talheres de casa, partilha-os dos amigos. Somos práticos! A simplicidade reina. Sentamo-nos no chão simplesmente, e no chão comemos o que há: um pão, um ovo cozido, um enlatado de Raviolli, uma maçã, um chocolate e uma garrafa de água.

Reencontrar grandes amigos é outro grande momento que estes encontros proporcionam. As amizades que aqui se fazem são perpetuadas. São amizades verdadeiras, que vivem e alimentam-se de uma verdade única: o amor, o respeito e a partilha de tudo aquilo que somos. Cláudia e Filipe, amigos com quem partilho mais uma das minhas viagens são também exemplo disso mesmo.

Contudo, reencontro duas amigas Croatas, Mihaela e Ivana. Há 1 ano que nos conhecemos no encontro em Zagreb e que, a partir daí, temos vindo a partilhar tanto e a desenvolver a nossa amizade. Já conheceram Portugal depois disso. Mostrei-lhes o meu mundo, a minha terra em Outubro passado. Agora é o momento do reencontro. Mandamos mensagens. Combinamos um local mesmo ali na Palexpo. Vejo-as em pé, lá ao fundo à nossa espera. Por entre o maranhal de gente que ali se encontrava, corro para elas, e ali ficámos, entrelaçados, abraçados. E no silêncio, transmitimos tudo aquilo sentíamos uns aos outros. Recordo hoje esse abraço de uma amizade que sei que será genuína. Ana Galoviç, outra amiga croata, não pôde vir. No entanto, apesar de longe manda uma mensagem para o telemóvel: “I would so much like to be with you… but I have to work. I’m thinking of you all the time! Love and kisses. Ana! Say hello to everyone.”

Viajar é isto mesmo. É estabelecer relações. Muito para além do turismo, viajar é criar laços. É cativar, como nos diz o livro “O Principezinho”. Viajar é ver nos outros aquilo que somos na realidade. É vermos espelhados nos outros as nossas próprias forças e fragilidades. Afinal, viver não será mais do que partilhar? Creio que sim…

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