13.1.08

II. - A Partida e as Holandesas com os Pés de Fora!

Depois da saída do local de trabalho, regresso a casa apressadamente ainda para colocar as últimas coisas na mala de viagem, para poder apanhar, a horas, o avião com destino a Genebra. De mochila às costas, despedidas feitas, aceno para quem se foi despedir… Os que ficam também sabem o quanto especial é este tipo de viagem: para além do habitual, haverá também um turismo interior rumo ao crescimento pessoal. Aterramos em Genebra já de noite. Alteramos os relógios por mais uma hora, e dirigimo-nos para o “Hostel” que reservámos, uma vez que o acolhimento dos jovens apenas será feito no dia seguinte. Após o “chec-in” efectuado, dão-nos uma manta e um cartão a cada um para termos acesso aos quartos e casas de banho. Por entre malas, mantas, mapas, cartões e bilhetes de identidade dirigimo-nos para a camarata reservada: uma “camarata mista” entre 6 a 12 pessoas. Entrámos, e apenas com a luz da porta entreaberta conseguimos vislumbrar alguns grandes pés, de número 45 (no mínimo), de fora das mantas azuis, dadas na recepção a todos os clientes. Percebemos que a nossa camarata estava cheia com mais outras 3 holandesas pezudas. O silêncio era tal, que não tivemos coragem para desfazer as malas. Deixámo-las no quarto e viemos para a recepção a rir no pretexto de comermos qualquer coisas antes de dormir. No entanto, o problema estava mesmo em saber como nos iríamos deitar sem fazer barulho e incomodar as intrusas que estavam no nosso quarto???? Bem, este era realmente o problema. O pretexto encontrado para não irmos imediatamente dormir foi outro: o ter de ir comer qualquer coisa antes. Sentámo-nos nos bancos de madeira existentes na recepção do hostel, e por ali ficámos. Conversa puxa conversa, eu, a Cláudia e o Filipe conseguimos falar de tudo e passar por todas as emoções ao longo de todo o tempo que ali permanecemos. Rimos, em certos momentos. Emocionamos-nos, noutros. Foi o primeiro momento inicial da viagem de grande partilha. Ao longo dela seguiram-se outros intenso e fortes. Consegui acabar com todas as minhas barras energéticas numa só noite, até que, nos lembramos que estávamos a pagar um serviço e que não estávamos a usufruí-lo. Eram já 6 da manha!!! Tínhamos de nos ir deitar. O problema pôs-se novamente: como entrar no quarto sem uma única risada e sem acordar as estranjas com os pés de fora? A solução encontrada: descalçarmo-nos antes de entrarmos para o quarto, não acender as luzes, e dormir vestidos e sem lavar os dentes. “Boa noite” – dissemos nós, uns aos outros, mesmo antes de abrir a porta, com uma vontade de rir desalmada. “Sorry… but the Breakfast is just until at 9 o’clock” - disseram as Holandesas, fazendo-nos acordar das poucas horas dormidas. Faço acordar, apressadamente, também a Cláudia e o Filipe. Tínhamos apenas 5 minutos para descer. Já vestidos, apenas tivemos de nos calçar. Sem a cara lavada, os cabelos penteados ou os dentes escovados, descemos as escadas bafientos, oleosos, mal encarados e malcheirosos, em direcção ao refeitório onde aí tomamos o pequeno almoço. O “Chec-out” era até às 10 da manhã. Por isso, banho? Para quê? Pegámos nas nossas malas e partimos então para o início do grande Encontro Mundial de Jovens!

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