13.1.08

IX. - Suiça Marca pela Aprendizagem

É o último dia que estou no encontro na Palexpo.
Sentamo-nos no chão, como habitual, e aqui permanecemos em silêncio durante toda a oração. Há por fim um sentimento de grandeza tal que me preenche só de pensar nele. Começam a cantar “Fiez-vous en Lui”, uma música que me toca particularmente a mim e à Cláudia. Não sei o que senti verdadeiramente, se um misto de nostalgia por tudo aquilo que vivi, ou uma simbiose de amizade. Abraço a Cláudia, e ali ficamos os dois a sentir a letra e a melodia da música. Dou por mim emocionado.
Olho a Cláudia e está também a chorar. Naquele mesmo momento pensei na importância de dizermos tudo aquilo que pensamos ás pessoas que nos são queridas, e que por vezes deixamos de dizê-las por pensar que não são importantes verbalizá-las. Olho para ela, e mal verbalizo a primeira palavra, sinto a correr as lágrimas pelo meu rosto abaixo. Digo-lhe que a conheci, em 2004, neste mesmo espírito e num encontro como este, e que a partir daí nunca mais nos separámos. Digo-lhe também que acredito que Deus coloca as pessoas certas nosso caminho, e que ela é uma dessas pessoas. Estou emocionado para verbalizar muito mais, e sinto os olhos turvos de água. Engulo a seco, paro um pouco, e retorno para finalizar dizendo-lhe que é uma alguém muito importante na minha vida. Olho-a e chora também ao som de “Fiez-vos en Lui”. Abraço-a com mais força, e permanecemos assim, em silêncio, agarrados um no outro. Sei que este foi um momento muito especial, capaz de me emocionar novamente só ao escrevê-lo. A sua importância está na dimensão e na carga afectiva transposta naqueles minutos. Algo de bonito foi comunicado. Apesar de a Cláudia não ter conseguido verbalizar nada, senti tudo aquilo que queria dizer nas lágrimas que limpava com a manga do casaco. Por tudo aquilo que nos une, por toda a força que se transporta num momento mágico assim vivido, apenas tenho a dizer obrigado: pela grande amizade que nos une. Por tudo aquilo que partilhamos diariamente. Por sermos, um com o outro, verdadeiramente aquilo que somos, sem máscaras, e não aquilo que os outros querem que sejamos. Na nobreza de tal atitude, apenas agradeço-te.
Ao Filipe, agradeço, também, por me ter ajudado a crescer como ser humano. A perceber que o essencial é realmente invisível aos olhos, e que o mundo faz-se de pequenos gestos. Aprendi que mesmo uma luz pequenina e insignificante pode sempre iluminar a penumbra de uma sala. Temos, sim, de ser sinal de esperança e tudo aquilo que realizamos e fazemos. Apesar das nossas fragilidades e dificuldades, dos nossos medos e receios, podemos sempre despoletar a mudança. Ela reside em nós. E quando sentimos essa força, ela não poderá nunca, jamais, ser abafada. Os sonhos pelos quais acreditamos tornam-se sempre realidade, porque eles contêm a força do universo. Tudo se organiza para que aconteça, e podemos sempre, e em qualquer altura, começar com pouco. Obrigado por tudo aquilo que partilhámos juntos nesta viagem, essencialmente, interior!!!

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