20.9.09

Manhã de Praia Suja

No dia do meu aniversário quisémos tirar o dia para fugir ao tradicional de Marrocos, por entre cidades e medinas, mesquitas e orações. Saímos de Rabat pela manhã em direcção a outras cidades e localidades próximas: Salé, Mehdya e Kenitra.
Seguimos a estrada que dá acesso a essas localidades sem nunca nos perdermos. A caminho observamos uma placa com indicação "Plage des Nations", com indicação para virar na próxima à esquerda, em direcção à costa marroquina, a 2 kms.
Sem estar previsto, decidimos à última da hora (e sem hesitarmos) virar para podermos conhecer a praia indicada na placa. Visto do alto encontramos uma extensão de areal enorme, com alguns marroquinos deitados debaixo do chapéu de sol a protegerem-se das temperaturas altas que o país costuma fazer.
Descemos até à areia e decidimos ficar, mesmo percebendo dos poucos costumes que esta gente tem em limpar as praias. A areia está, completamente, suja! Há garrafas plásticas pelo chão. Há papeis sujos, latas, vidro... Há burros que se passeiam livremente pela costa e há, também, pequenos vendedores de praia que cozinham, ali mesmo, na areia, para os veraneantes e "turistas aventureiros" dentro de uma pequena barraca feita de chapés de sol e pareos. Afinal... estamos em África, e não podemos pedir muito!
Tudo é, inacreditavelmente, feio. Contudo, mesmo assim decidimos ficar. Percorremos a pé, boa parte de extensão de areia até encontrarmos, foras das gentes locais, um pedaço de terra onde pudessemos pousar as toalhas e enterrar o chapéu de sol, fora da lixeira vista...
Aqui sim... ora esticados ao sol, ora em banhos e mergulhos no mar salgado que nos refresca do calor abrasador, passamos uma manhã óptima... Valeu-nos o jogo do uno!

14.9.09

Receber Um Comando de TV no Aniversário!!!!

No mesmo dia em que o Rei do reino de Marrocos Mahomed VI faz anos, também eu celebrei, em festa, em Rabat, o meu 28º aniversário. A combinação estava feita entre eles (a Vanda, o Nuno e o Sérgio), que à meia noite entraram pelo quarto a dentro com 4 mini-bolos já descongelados e derretidos (por não termos frigorífico) e 2 enormes velas.
A surpresa foi receber o último livro de viagens do Gonçalo Cadilhe - Tourné, e dentro de um estojo receber um comando de TV... Agradeci, sorridentemente, aos amigos pela prenda sem perceber. Senti que olhavam para mim. E ria-me, sem dar a entender que não estava a enteder o motivo desta prenda... "Quem é que oferece um comando universal de TV a um amigo???" - questiono eu, sorrindo sempre!... e eles também. Afinal, a prenda era uma televisão para poder ficar ligado ao mundo cosmopólito e globalizado como o nosso... Há um ano que já não estava perto desta ligação. Autonomia a quanto custa!!!
A todos eles o meu obrigado! Obrigado também a todos aqueles que se fizeram presentes com mensagens e telefonemas... Foi, sem dúvida, um aniversário diferente, mas que vem já sendo habitual em tempo de férias estar longe de todos os que amo...

Na Kasbah de Oudaia

Passando pela confusão da medina, conseguimos chegar até à pitoresca Kasbah de Oudaia, uma fortaleza, erguida no cimo de um monte, que está parcialmente rodeada pelas muralhas almóadas da cidade de Rabat.
Junto à Bab Oudaia, a porta principal construída no séc. XII, que atravessa as muralhas e que nos conduz ao seu interior, encontram-se várias mulheres com as suas burqas a pintarem as mãos aos turistas que passam por ali a troco de alguns dirhams. Seguimos adiante, passando pela porta, e percorrendo a Rua Jamaa, a principal via deste pequeno bairro, até ao final.
A maior parte das ruas quem compõem a Kasbah são ruas estreitas caiadas de azul e branco, fazendo-me lembrar um pouco da cidade de Chefchaouan. Este azul dá uma beleza única ao bairro quando constratado com as túnicas e burqas escuras dos residentes que as vestem.
Ao final da rua, por entre uma porta em arco em ogiva, encontramos um largo, um antigo posto de vigia de Oudaia. Aqui, várias são as pessoas que se reunem para contemplar a vista: turistas, namorados, residentes ou simples vendedores de água de bidon. Uns sentados, outros de pé, outros ainda meio encostados à muralha, estão ali para presenciar a fascinante paisagem.

Do cimo da muralha contempla-se parte da cidade costeira de Rabat, o Rio Bou Regreg e uma praia de areal extenso onde veraneantes fazem as delícias nas suas férias. Não viemos precavidos para dar um mergulho. Se voltassemos para trás para ir buscar a toalha e os calções de banho teríamos de passar, novamente, pela confusão da medina. No entanto, a água também não nos pareceu convidativa. Cá de cima tivémos a sensação de que a água estava gordurosamente sujíssima!!!! Mas esperemos que tenha sido uma mera impresão nossa!

Voltámos para trás (não para buscar os calções e a toalha), mas para percorrermos o resto das ruas da Kasbah. Descendo pelas ruas caiadas da Rua Bazzo avistamos ao fundo um miradouro, situado dentro das instalações do Café Maure. Nele há pessoas sentadas ao ar livre a lanchar o tradicional chá de mental ou café com leite. Já estamos a meio da tarde e ainda não tivémos a oportunidade para almoçar. Soubemos que aqui, neste local, também não servem almoços. A muito custo levantámo-nos e pusémo-nos a caminho mais uma vez, em direcção da praia, onde aí pudémos, finalmente, comer qualuqer coisa e beber água. Muita água...
Café Maure - Rabat Ao final da tarde passámos ainda pelo Jardim Andaluz, um agradável jardim criado ao estilo mourisco, saindo posteriormente, da Kasbah de Oudaia em direcção ao nosso hotel. Da sensação que fico, relativamente, a Rabat é que esta cidade apesar de conter belezas únicas com paisagens interessantes, não me surpreendeu como estaria à espera. Esperaria algo significativo de uma cidade capital. O que encontrei foi antes uma cidade capital suja, desordenada, e cheia de obras.... Esperemos, então, que possam ajudar!!!!

Levado Pelos Sentidos em Rabat

Rabat é considerada a "cidade branca", pela maioria das suas casas serem caidas de branco. Construída sobre o Rio Bou Regreg, Rabat é a capital administrativa e política do Reino de Marrocos, sendo a 2ª maior cidade depois de Casablanca.
Rue des Consuls-Rabat
Mesmo em frente ao nosso hotel fica a famosa medina. Atravessando-a chegamos até à Rue des Consuls que começa no mercado das lãs, coberta por um tecto de vidro muito peculiar.
Para quem vem de uma viagem e conhece outras cidades marroquinas, já nada nos estranha e tudo nos parece familiar: As roupas, os tapetes, as pessoas, a língua, a sujidade e a mendicidade, o cheiro, a desordem e a desorganização.... Tal como em todas as outras medinas, esta também está cheia e repleta de vendedores, mas que ao contrário dos anteriores, estes não estão muito habituados a regatear os preço.
A medina está cheia de gente. Nela andamos sem saber muito bem para onde. Atrevemo-nos, ao ponto, de andar sem guias que nos chulam à força toda para nos mostrar aquilo que poderemos descobrir sozinhos. Com esta aprendizagem, agarramos em nós mesmo e por ali caminhamos sem destino.

Chegamos à Rue Souika que é considerada a principal artéria que atravessa a medina e também a mais movimentada. Apinhada com todo o tipo de pequenas lojas que vendem sapatos, comida, rádios, cassetes, especiarias, peles, joias, tecidos. Há vendedores de sumo de laranja com garrafões às costas que vendem sumo ao copo. Há mendigos que se cruzam connosco e outros que se rastejam pelas ruas apinhadas de gente. Há pessoas que mal nos olham e viram a cara para o outro lado. Há vendedores de tartarugas, camaleões e de ratos enjaulados. Há de tudo um pouco...

Souk de tartarugas Souk de Camaleões
A sensação que tenho é de ter entrado num mundo de desperdício dos sentidos. Vejo cores vivas e garridas em tudo o que olho. Cheiro odores estranhos, fortes e agradáveis. Outras vezes cheiros nauseabundos quando cruzamos esquinas ou nos emaranhamos por becos mais recônditos. As apertadas ruas fazem com que as pessoas se toquem umas às outras. Sentimos o seu calor e a sua transpiração. Vejo tanta gente e passado 1 segundo tenho a sensação de já não me recordar da cara da pessoa que passou por mim. Uma e outra vez sem conta... A vida aqui é assim mesmo. É feita a correr. Esta é a sensação que tenho. Nas ruas há sempre música àrabe a tocar. Não tenho tempo para a escutar e deleitar-me com o sentido da audição. No souk seguinte oiço uma outra música com sons idênticos à do souk anterior mas num ritmo totalmente diferente.
Souk de Azeitonas
Souk de Livros
Quem vem a Marrocos fica, extactamente, com esta sensação... Que não consegue apreender tudo o que vê, sente, ouve, cheira, toca ou prova. Porque tudo é tão estimulante que não te dá tempo para desfrutar lentamente. E como isso seria bom... ah se seria...

Hotel ou Hospital Psiquiátrico????

Depois destes dias em Fez, onde aproveitámos para conhecer algumas cidades, partimos então para Rabat, a cidade capital administrativa de Marrocos. A viagem foi feita sempre pela auto-estrada e demorou, cerca de 2h30m.
O estacionamento do Hotel Bouregreg
Ao contrário de Fez, encontrámos com alguma relativa facilidade o nosso Hotel (Hotel Bouregreg) que ficava mesmo em frente à Medina, na zona centro, na avenida Boulevard Hassan II. Estacionámos o carro à porta e dirigimo-nos para a secretaria do hotel para poder-mos realizar o Check-in. Sentados na recepção encontram-se pessoas estranhas. São também turistas. Mas uma estranheza é-lhes caracteristica sem reconhecermos de imediato qual...
Mandam-nos estacionar o nosso carro no parque de estacionamento. Quando abrem as portas do portão nem queriamos acreditar! As trazeiras do Hotel são uma, verdadeira e completa, lixeira que serve de estacionamento a todos os carros de quem fica aqui alojado. Este foi um verdadeiro momento de susto e depois de gargalhada geral.
Atónitos com a situação, nem queriamos então conhecer o resto do Hotel: a decoração demodê, os corredores escuros, as casas de banho com torneiras avariadas e sem água quente devido a "problèmes téchniques" - verbaliza alguém da recepção depois de termos telefonado do quarto na intenção de reclamar um banho quente pago e reservado através da internet!!!!
De noite acabo por acordar sobressaltado alguma vezes. Ouvem-se vozes e gritos no carredor escuro. Alguém grita enquanto corre de um lado para o outro. Telefono para o quarto da Vanda e do Sérgio e que estão a ouvir o mesmo que eu. Mas ainda pior. A situação passa-se mesmo em frente ao quarto deles. Conta-me a Vanda que há um doente psiquiátrico que acabou de descompensar. Grita e esperneia. As técnicas que o acompanham quase que o amordassam para ver se se acalma.
E eu... amordasso o lençol de medo, quase rasgando-o à dentada....
Será que isto se pega????

Volubilis: Cidade do Século I

Saímos de Fez em direcção a Volubilis, atravessando a grande cidade de Meknes. Debaixo de um calor insuportável de 40º e com o mapa das estradas sempre a acompanhar-nos em todas as direcção até às ruínas desta cidade romana, de quarenta hectares, ainda em escavação e declarada Património Mundial pela UNESCO em 1997.
Embora pensássemos que andávamos perdidos durante algum tempo, lá conseguimos encontrar a cidade que fica mais perto da cidade de Moulay Idriss do que, propriamente, de Volubilis. É um conselho para qualquer um que se queira aventurar a descobrir estas ruínas maravilhosas: sigam em direcção a Moulay Idriss e não em direcção a Volubilis.
Fundada na época Pré-Romana, Volubilis tornou-se no séc.I uma das principais cidades da Mauritânia. Próspera graças ao comércio de azeite, trigo e animais selvagens, nela se construíram edifícios imponentes.
Antes de entrarmos para esta magnânime cidade, deixamos o carro estacionado e bezuntamo-nos, literalmente, com protector solar na cara, braços e pernas. Com o chapéu de sol na cabeça, os óculos postos na cara e o bilhete de 10 dirhams comprado para a visita às ruínas, tentamos descobrir esta cidade imperial através das indicações que tinhamos no guia, renunciado a disponiboilidade dos "guias" que por ali estão. "Não, obrigado, não queremos guia", "Ouiça, não queremos. Obrigado. Não, não, não.", "Não vamos precisar. Não queremos. NÃOOO!!!" - Assim repetiamos nós, incansavelmente, a cada vez que chegávmos a terras novas desconhecidas.
Os edifícios públicos datam do séc. I e os que o rodeiam o fórum datam do séc. II. Depois de Roma se ter retirado da Mauriânia, no séc. III, a cidade regrediu. Foi o princípio do lento declínio de Volubilis. Lento porque a retirada dos romanos não significou o abandono completo da cidade. Muitos habitantes decidiram permanecer e o latim resistiu mais quatro séculos, até à invasão árabe do norte de África. Na verdade, o esta cidade só se desfez no séc. XVIII, quando o sultão Moulay Ismaïl mandou demolir muitos dos monumentos, para aproveitar o respectivo mármore na construção dos seus palácios em Meknès.
Provavelmente, Volubilis seria o mais bem preservado vestígio romano a chegar até nós se este crime arqueológico não tivesse sido cometido. No entanto, não é difícil reconhecer as estruturas da cidade, as vilas, as ruas, os sítios públicos onde se tomavam as decisões políticas ou se celebravam os cultos religiosos. Andar por aqui, nestes caminhos de pedra, é uma experiência ao mesmo tempo exaltante e estranha. Porque esperamos sempre ouvir, na sombra de cada muro, uma voz perdida, um suspiro, uma respiração com dois mil anos.
Na fotografia abaixo vemos a rua principal, a Decumanus Maximus, uma "avenida", com pavimento de lages, que desemboca no magnífico Arco do Triunfo. É este o limite da cidade, a mais formosa das oito portas que ligavam Volubilis ao mundo exterior. Quase a medo, atravesso o Arco, e cada gesto que realizo, sem que o queira, ganha peso. Afinal... estamos no meio de ruínas. Souo por todos os lados. Está um calor horrível. O sol está a pique, no auge do meio-dia. Procuro uma rocha plana para me sentar. Mas sem sombra é totalmente impossível aqui permanecer. Recupero o fôlego. Respiro. Descanso. Observo. E continuo...
Fora das muralhas não há nada. À minha frente, ervas daninhas. Ao fundo, a linha suave de uma montanha. Atrás de mim, o que sobrou de uma civilização. Penso: as civilizações são como os homens. Crescem, atingem o auge, depois a decadência (às vezes a agonia), morrem, são enterradas e um dia voltam à superfície, sob a forma de um esqueleto partido, coisa mineral, suporte da vida (mas sem vida).
Observo onde ficava cada lugar desta cidade. "Aqui ficava o Forum". - penso. Harmoniosas as suas colunas, ainda intactas. "Aqui eram as termas", "ali os lagares de azeite", "mais adiante o Capitólio". Tentando, dentro de mim, reconstruir esta cidade pré-romana, os seus costumes e até visualizar os seus habitantes a deambularem nas mesmas ruas e avenidas que, doi mil anos depois, eu piso.
O Arco do Triunfo
O Capitólio
Observo as ruínas à distância, e olho-as mais uma vez. Apesar do conceito de "ruinas", elas parecem-me tão belas. E percebo então que talvez a beleza das ruínas está, talvez, nesta sua condição trágica: desaparecer, permanecendo. Já não ser tudo, mas ser ainda um pouco. Se as ruínas são belas é porque no ar se desenha, invisível, a memória do que foram. As casas não morrem. As casas cansam-se de existir e transformam-se em ruínas. Isto é: ficam para contar a história do seu falhanço, da sua queda. São fantasmas resignados, miragens, assombrações...

9.9.09

Yôga em Marrocos

Depois de termos sido abandonados na maior medina de Marrocos, tivémos alguma dificuldade em retornar ao nosso alojamento, por não saber os caminhos até lá. Várias foram as vezes que parámos o nosso carro para perguntar a alguns residentes locais indicações necessárias para nos safarmos dalí...
Apesar do esforço, conseguimos encontrar o nosso hotel. E nada melhor do que uma boa piscina, com água quente do sol, para aprovietarmos o final do dia. Depois de todo o stress com o nosso guia e com a confusão dentro da medina, achámos em uníssono, que teríamos de repôr as nossas energias em falta.
Os restantes portugueses, mesmo não estando no nosso hotel, acompanharam-nos numa tarde fantástica de mergulhos, risadas, conhecimento mútuo, descobertas e afinidades entre nós.
O melhor estava para vir... uma aula de Yôga dada por mim nos relvados da piscina do Fez In Hotel. Pelas saudades que tinha em praticar, pelo prazer de dar aulas, pelo prazer de dar a conhecer a outros uma filosofia de vida fantástica que promove a qualidade de vida, senti-me impelido a dar uma pequena aula a todos os que ali se encontravam comigo. Os restantes turístas e marroquinos, debaixo do chapéu de sol, olhavam com alguma vontade de se juntarem a nós. Mas resistentes, sorriam, olhando para nós, enquanto ficavam sentados nas suas cadeiras.
Todas estas vivências boas e más que vivemos durante este dia em Fez, permitiu-nos estar mais próximos destes outros portugueses que conhecemos e travámos amizade. No dia seguinte, estariam já de partida, realizando vários quilómetros, em direcção ao seu destino: o deserto. Enquanto nós, iriamos permanecer aqui nesta cidade por mais alguns dias.
A despedida fez-se num bar marroquino, a experimentar a tradicional chicha (tabaco especial)com o narguilé (cachimbo de água). Entre histórias de viagens, entre recordações do nosso Portugal, entre troca de e-mails e números de telefone, entre abraços profundos e sentidos, abraçámos cada um deles na esperança de um possível reencontro...

5.9.09

As Alçarias Mal-Cheirosas de Fez

Visitámos, dentro de um bairro residencial da medina, umas Alçarias - o local onde se realiza o curtimento das peles dos animais em couro macio e que não apodrece. No entanto, o cheiro, no local, é abusivamente mau!!!!
As tinas (algumas usadas há séculos) servem para mergulhar as peles depois de removidos o pêlo e a carne das ovelhas, cabras, vacas e camelos.
As peles curtidas são, então, penduradas a secar nos terraços da medina durante alguns dias.
Depois de secas são lavadas em grandes quantidades de água e, posteriormente, amaciadas sendo embebidas em soluções gordurosas. As cores são obtidas a partir de certas plantas e minerais para tingirem as peles. O couro tingido é usado para fazer diversos artigos úteis e decorativos, como sacos, babouches, pufes, vestuário, malas... que, posteriormente, são vendidos nos vários souks na medina de Fez.
Para casa trouxe um pufe, um estojo e umas babouches...

Babouches

As tradicionais Babouches marroquinas são vendidas por todo o lado. Todos têm umas: homens, mulheres, crianças, velhos ou novos. Até eu comprei umas! Laranjas... hihihihi...

Abandonados Na Maior Medina de Marrocos

Sabendo da imensidão de Fez, optámos por alugar os serviços de um guia, até porque, se não o fizéssemos não teríamos tido tempo para ver o essencial da cidade.
Combinámos com o guia, no dia anterior, hora, local e preço estipulado (de 120 dirhams - para o conjunto do grupo dos 8 portugueses). Partimos bem cedo, primeiramente, para um miradouro, onde aí podémos observar que Fez é, realmente, um tecido urbano compacto. É um mar de telhados de onde emergem crepúsculos e minaretes.
Parte da cidade de Fez
Posteriormente, seguimos ao encontro da comunidade local dentro da medina, considerada a maior do reino de Marrocos, com 14 mil ruas labirinticas e a viver dentro dela mais de 200 mil pessoas!!!!!!!! Algo estrondoso e de tamanho tal que seria, totalmente, impensável visitá-la sem orientação de um guia. Se não o fizéssemos a consequência lógica seria o de nos perdermos em menos de nada. Aposto!
Nesta medina, assim como todas as outras que fomos conhecendo, há uma imensidão de comércio. Marrocos vive das lojas e de tudo o que se possa vender e fazer dinheiro. Encerrada por altas muralhas, com ruas estreitas, casas altas, proibido o andamento de motas ou bicicletas (apenas burros, como forma de transporte de mercadorias) e com um calor insuportável, torna-se difícil caminhar na medina.
Dentro dela encontra-se a Medersa Bou Inania (um estabelcimento cultural e religioso), a maior e mais luxuosamente decorada medersa construída.
Entrada da Mesquita Karaouiyine Na medina encontra-se, também, a Mesquita Karaouiyine, a mais antiga e mais ilustre mesquita no mundo muçulmano ocidental, tendo sido a 1ª universidade a ser fundada em Marrocos. O pátio, ou Sahn, está revisto de mais de 50 000 azuleijos feitos prepositadamente para o chão da mesquita (ver foto acima). Actualmente é um dos centros espirituais e intelectuais do Islão e continua a ser sede da universidade muçulmana de Fez.
Á porta da Mesquita
Mulheres dentro da Mesquita
O nosso guia levou-nos ainda a visitar uma Kasbha de tapetes feitos à mão perto do Bairro Andaluz, onde aí tentaram, sem efeito, venderem-nos. O que sentimos é que, normalmente, os guias levam-nos às casas turísticas de artesanato, na tentativa de comprarmos algo, uma vez que quiçá, receberá uma comissão por ter levado os turistas e pelas compras destas. Seremos má língua??? Não me parece! O esquema é este... mas já treinados saímos de lá sem um único tapete, mas com o chá de ortelã oferecido bem bebido!

Quando percebemos o esquema recusámos sempre a compra em algum destes estabelecimentos a que o guia nos conduzia. Além disso, tinha-nos dito que nos levaria a um restaurante para almoçarmos onde o preço seria 120 dirhams cada um, com tudo à descrição. Mesmo sendo o preço para "turista" lá aceitámos.

Quando recebemos a conta nem queriamos acreditar os 120 dirhams tinham sido mais um engano. Casa um teve de pagar 180 dirhams!!! O que ele não nos disse foi que, os preços são a partir de... 120 dirhams constados da lista. Assim, cada um pediu o que quis da lista e por isso a conta foi maior. Enfim... o tradicional.

Depois deste desatino com o guia, ele já quase nem falava connosco. Mostrava-nos os sitios a correr e despachou-nos o quanto antes. Fizémo-lhe o pagamento e pô-se a andar dalí para fora. Nem queria acreditar no que estava a acontecer. O problema não era o guia....
... o problema era não saber voltar ao hotel onde estavamos instalados e saír dalí para fora, dentro da maior medina de Marrocos!