10.4.09

4. O Toque Supersticioso na Ponte Carlos

Percorro a Rua da Ponte, uma rua estreita que antecede a passagem da Ponte Carlos, estando ladeada por uma série de casas renascentistas e barrocas de várias cores. Há 750 anos que esta mesma rua conduz o Bairro Pequeno ao Bairro da Cidade Velha através da famosa Ponte Carlos.
Ponte Carlos
A Ponte Carlos é o monumento mais famoso de Praga, que atravessa o Rio Vltava, sendo a segunda ponte mais antiga de toda a República Checa!! A sua construção foi pedida pelo Rei Carlos com o intuito de unir e comunicar os 2 bairros, começando a sua contrução em 1357.
Esta ponte tem, na totalidade, 520 metros de comprimento e foi construída com blocos de grés (e diz-se que a arga massa utilizada foi impermeabilizada com ovos), por isso, originalmente, o nome da ponte era "Ponte de Pedra".
Antes de entrar, propriamente, na ponte subo ao cimo da Torre do lado do Bairro da Cidade Pequena, através de umas pequenas escadas que nos conduzem a um ponto priveligiado de observação da cidade.
A Torre da Ponte Carlos
Lá de cima consigo ver todos os bairros que compôem Praga. Atrás de mim, situa-se a muralha do castelo, a catedral e o bairro pequeno, já visitados. À minha frente, vejo os restantes bairros ainda por descobrir.
Fico com vontade de descer e percorrer mais rápidamente as ruas da cidade. Dalí de cima, consigo observar um emaranhado de casas, de telhados, de ruas estreitas e de muitos monumentos que se fazem sobresair nesta teia de cidade. São monumentos grandes, astuciosos, magnânimes e com um sentimento de carga histórica enorme, e agora percebo o porquê de Praga ser chamada a "cidade das 100 cúpulas".
A vista do Rio Vltava e da cidade, de cima da Torre
O Rio Vltava é também enquadrado na minha fotografia mental. Consigo vê-lo, claramente, de cima da torre, a tomar o seu curso sinuoso por baixo das várias belas e antigas pontes que compôem Praga. Estamos, totalmente, satisfeitos e radiantes com a deslumbrante vista. Olho para cada um dos meus parceiros de viagem e percebo, claramente que, assim como eu, cada um deles quer, também, marcar este momento com uma fotografia neste preciso local, para que possa ficar sempre registado. Ei-la... A Ponte Carlos está repleta de gente. Há turistas que invadem o espaço. Há gente que pinta quadros e que vendem postais. Há outros que, em grupo, tocam músicas pedindo com isso algumas moedas em troca. Há homens de negócios que saem dos seus empregos, vestidos com os seus fatos pretos e gravatas contastantes a percorrer esta calçada. Há, simplesmente, um emaranhado de gente que vagueia para lá para cá, e de cá para lá, de um lado para o outro. Esta lindíssima ponte está decorada com um conjunto de 30 estátuas (que fazem alusão a santos), ao longo dos arcos que sustentam a Ponte Carlos. Com motivos religiosos, estas estátuas são jóias barrocas e foram inspiradas na célebre Ponte Sant’Angelo, de Roma, onde já estive.
Mas há uma estátua que não nos é indiferente. Paramos e vemos outros turistas ali parados. Dizem-nos que é a Estátua de S. João Nepomuceno, o mesmo santo que estava na Catedral. Os relevos por baixo da estátua representam o martírio de S. João Nepomuceno.
Conta a lenda que S. João era confessor da rainha de Praga. Foi feito prisioneiro porque recusou-se a contar o que a rainha lhe havia dito no confessionário. Quando ele continuou a honrar o segredo da Confissão foi torturado e atirado no Rio Vltava, em Praga. Símbolo do nacionalismo da Boémia e símbolo do sacramento da Confissão. Morreu queimado, atado numa roda e depois atirado de uma ponte no Rio Vltava, a 20 de março de 1393. Diz a tradição que na noite de sua morte sete estrelas ficaram a rodar acima do local onde foi afogado.
A imagem do santo está completamente polida, brilhante, porque as pessoas tocam-lhe para dar sorte. Sem acreditar, mas por superstição, espero pela minha vez para também tocar na imagem enquanto me rio da figura que faço. Afinal... e porque não?
Foram várias as vezes que passei por cima desta ponte durante a minha estadia em Praga. E digo, sem sombra de dúvidas, que ao final da tarde, a vista da colina do castelo, das torres de proteção e do rio Vltava, têm um outro encanto, formando uma magnífica paisagem de mistério e penumbra. Só quem o experencia poderá saber, com exactidão, aquilo que quero dizer!
Vista da Ponte Carlos sobre o Rio Vltava

Um comentário:

Marcia disse...

Parabéns pelos testemunhos incriveis que escreves-te. As tuas palavras preencheram o Guia que estou a elaborar para a minha ida a Praga :) Obrigada!