10.4.09

6. O Imponente Bairro Judeu

Num dia de sol forte, e após termos aproveitado o bom tempo para tomar um café, depois de almoço, junto ao rio Vltava, fomos visitar o Bairro Judeu. Um bairro importantíssimo na história da República Checa e, principalmente, de toda a população global, na medida em que toca com cada ser humano pelo sofrimento atroz sofrido por toda a comunidade judia no período Nazí.
Memorial aos Judeus Mortos no Holocausto
Em 1939, imediatamente depois à ocupação nazi do território checo, viviam aqui 118 310 Judeus. Só uma pequena parte chegou a emigrar. No Outono de 1941, antes de se iniciar as deportações em massa, ficaram aqui 97000 judeus. Outros milhares de pessoas foram detidas, e mais de 80 000 dos judeus foram deportados para os guetos de concentração de “Teresín” e de “Allí”. Destes campos nazis voltaram, somente, uns 10 000 Judeus Checos. Hoje em dia, a maioria deles não são vivos.
A Sinagoga Pinkas, dentro do Bairro Judeu, é onde, actualmente, estão inscritas nas paredes de toda a sinagoga um comovente memorial aos judeus checos mortos no Holocausto.
Sinagoga Pinkas
Ao lado da Sinagoga encontra-se o Antigo Cemitério Judeu. Nele encontram-se apinhadas milhares de lápides. Este surpreendente pequeno local foi durante mais de 300 anos o único local de sepultamento autorizado aos judeus.
Antigo Cemitério Judeu
Devido à falta de espaço, as pessoas tiveram de ser sepultadas em mais de 12 camadas!!!! Podemos ver hoje mais de 12 000 lápides apinhadas no pequeno espaço, mas estima-se que foram aqui sepultados 100 000 pessoas. Incrível!
Algumas das lápides no cemitério judeu foram decoradas com símbolos que denotavam a vida, nome de família ou profissão da pessoa falecida. Em exemplo, um par de tesouras na lápide, significa que a pessoa teria sido alfaiate; um veado, simboliza a família Hirsch ou Zvi; e umas mãos em oração, significa a família Cohen.
Dentro do Bairro Judeu podemos, também, ver, a Antiga-Nova Sinagoga, considerada a mais antiga Sinagoga da Europa, datada de 1270. Este é um edifício que sobreviveu a incêndios vários e as demolições do séc. XIX.
Fachada da Antiga-Nova Sinagoga
Originalmente chama-se "Nova Sinagoga" até ter sido construída perto dela uma sinagoga mais recente, posteriormente destruída. Dentro da Sinagoga vê-se as antigas cadeiras dos Rabinos e a arca onde se guardam os rolos sagradas da Tora (a sagrada escritura dos Judeus).
Alguns símbolos judaicos impressos nas paredes
Para entrarmos dentro de qualquer monumento religioso judaico e andarmos pelas ruas do bairro judeu, é considerado falta de respeito se não colocarmos, junto ao alto da cabeça, um pequeno tecido, significando isso a sepração necessária entre os humanos e Deus.
Exterior da Sinagoga Espanhola
Do que pude conhecer, na idade média, haviam em Praga 2 comunidades Judaicas distintas:
a) os Judeus do Ocidente, que se estabeleceram em redor da Antiga-Nova Sinagoga;
b) os Judeus do Antigo império, que se fixaram no local sa actual Sinagoga Espanhola.
Com o tempo, ambas as comunidades fundiram-se gradualmente e acabaram por serem confinados a um gueto. Durante séculos, os Judeus sofreram as leis opressoras e discriminatórias de Praga, e só em 1890 a área do Bairro Judeu foi, oficialmente, incorporada na cidade.
Em 1890 as autoridades da cidade decidiram demolir todo o gueto (devido à falta de saneamento), permanecendo algumas sinagogas, a câmara municipal e o antigo cemitério judeu.
O Interior da Sinagoga Espanhola
Durante o séc. XI, a Sinagoga Espanhola era o centro da comunidade judaica de rito oriental (que vivia separada dos judeus de rito ocidental - concentrados à volta da Antiga-Nova Sinagoga).
O exterior e o interior têm um aspecto pseudo-mourisco, com ricas abóbodas e decorações ornamentadas nas paredes (lembrando o palácio Alhambra em Espanha), daí o nome da Sinagoga.
As Abóbodas e os vitrais da Sinagoga
Quem quer conhecer Praga, tem que, irremediavelmente, conhecer o Bairro Judeu, pela sua história e importância na edificação da cidade actual. Saí daqui com a noção de que aprendi imenso da cultura e história de um povo, e cada vez mais percebo, que a vida é uma verdadeira escola onde podemos aprender muito mais do que a escola formal.
Basta para isso, partir, viajar e afundarmo-nos completamente pela cultura onde estamos, o que faz de nós seres com outras competências sociais, mais flexíveis e capazes de lidarmos com outras realidades, mesmo que diferentes e opostas aos nossos valores.
Afinal... ver a vida com os olhos dos outros, ajuda-nos a lidar com as diferenças de todos!!!
Ou estarei errado?

Um comentário:

menina madrugada disse...

Olá Nélson!!! Gostei muito deste teu comentário final... é mesmo assim! Viajar é preciso. Adoro, e quem me dera viajar mais, com muito tempo, para conhecer mais pormenores, falar com pessoas, seguir por ruas desconhecidas e encontrar preciosidades. Óptimas viagens que tens feito :) Obrigada por partilhares. Beijinhos e até sextaaaaaaaaaaaaaa!!