14.4.10

Culto do Luxuosamente Bom


Colocamos as malas em casa da Marta, tomamos um duche, e pouco depois saímos com ela. Leva-nos a jantar com outros amigos portugueses, na ilha de Coloane. Ouça-a falar pela primeira vez em cantonês. “M’coi” – diz ela um “se faz favor” em cantonês para a empregada que nos atende. É, sem dúvida, uma sensação estranha, mas encantadora.

Ficamos por aqui, por mais algum tempo, a actualizar a conversa. Mas esta é prolongada, posteriormente, nos bares da Avenida Dr. Sun Yat-Sem (na ilha de Macau) que fica de frente para a estátua da deusa de Kun Lam – um dos poucos locais com bares. Estes não têm nada de especial. Mas é aqui que, frequentemente, se reúne a população mais jovem das redondezas para tomarem uma cerveja TSINGTAO.


Bares da Avenida Dr. Sun Yat-Sem

Connosco estão também outros amigos da Marta e do João. Com eles ficamos a saber um pouco das suas vidas e o motivo da sua residência na ilha de Macau - que residem, principalemnte, nas regalias financeiras. Compreendi que a taxa de desemprego em Macau ronda apenas os 2%, que alguns ordenados podem ser chorudos, e que no ramo turístico-hoteleiro necessitam sempre de pessoal para trabalhar a troco de umas boas patacas. Uma verdadeira tentação? Talvez… mas duvido que algum dia trocaria Portugal por qualquer outro sítio, mesmo em tempo de crise. Para mim, viver sem a proximidade dos amigos, da família e da minha rede de suporte social à qual estou apegado seria, para já, impensável.


Em Macau vive-se com algum dinheiro. É certo. Mas a prova viva de uma ilha rica, é a existência de alguns espaços de verdadeiro luxo. Por todo o lado que vamos, facilmente, encontramos grandes casinos e hotéis e outros em construção. Macau, decerto, terá ainda uma grande evolução, porque observa-se empreendimentos poderosos a surgirem a, quase, cada esquina que cruzamos.

Um dos exemplos vivos é o Hotel “MGM Grand Macau”, próximo à rua dos bares onde estávamos, cruzada com a Avenida 24 de Junho. Mal entrei tive a sensação de não pertencer a esta realidade.

Na entrada o chão é, totalmente, coberto de uma carpete felpuda de várias cores, cuja sensação é quase orgástica. Deveras, à saída, tive mesmo, mesmo, mesmo para me descalçar para poder experimentar pisar e sentir, verdadeiramente, esta extensão alcatifada. Mas contive-me (Foi difícil, acreditem). Contudo, parte do chão que não está alcatifado, está de tal forma polido que nele se reflecte tudo.


Mas, verdadeiramente, fascinado fiquei quando numa “pequena” praça dentro do hotel encontrei a fachada da estação ferroviária do Rossio, da Casa dos Bicos e alguns prédios conhecidos da nossa Lisboa. Segundo o que me informaram é aqui, neste espaço, que se realizam festas de passagens de ano que são muito conhecidas por estas bandas, aqui em Macau.

Para quem pode, certo? 

A entrada do MGM Hotel

Praças do Hotel com fachadas de edifícios portugueses

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