13.4.10

Em Pequim: Perder o Avião

Saímos em Pequim, do avião vindo de Frankfurt, sabendo que tínhamos apenas 1 hora para tratar da transferência da bagagem e da realização do check-in para embarcarmos rumo a Hong Kong, porque em Lisboa a menina do check-in não conseguiu, por incompetência – soubemos mais tarde-, mandar a nossa bagagem directamente para Hong Kong… Para ela o nosso muito obrigado!!!

Apesar do pouco tempo que dispúnhamos, desconhecíamos por completo a imensidão do aeroporto de Pequim: 4 andares gigantescos, corredores enormes, gente por todo o lado, táxis, autocarros e metros dentro do próprio edifício.

Agarrámos nas bagagens e corremos rumo ao 4º andar, na tentativa de realizar atempadamente o check-in. À chegada, indicam-nos que já fechou e que teríamos de ir em direcção ao avião, presente na porta de embarque E52, e que, muito possivelmente, já não teríamos tempo para o apanhar: “the time is not enough” – balbuciou a simpática funcionária da Air China.

Corremos por entre aquela gente, com as bagagens às costas. Pedíamos licença em várias línguas, de forma desesperada, na tentativa de nos tentarem deixar passar o mais depressa possível. Não queríamos e não podíamos perder este avião!

No posto fronteiriço, a polícia barra-nos por completo. Não pela falta de tempo, mas por não termos preenchido o documento de entrada no país. Dizemos que já o entregámos quando passamos pelo posto anterior quando fomos tentar realizar o check-in das bagagens. Não querem saber, e alí à pressa, preenchemos outro documento, o que nos faz ter 1 entrada na China, quando o nosso visto é, precisamente, de apenas uma entrada. Penso: “estamos tramados”. A nossa viagem terá de ser reformulada e não poderemos entrar mais nenhuma vez na china. Mas este problema fica para depois.

Apesar de a polícia nos desejar uma boa viagem, quase nem lhes consegui agradecer. Só pensava na possibilidade de perder o voo. Com isto tudo, tinha passado 1 hora. E o avião iria partir a qualquer instante. Agarrei no passaporte, no bilhete de avião, nas bagagens e pus-me a caminho.

No entanto, desta vez, fomos barrados pela polícia que nos apreendeu as mochilas. Pelo facto de não termos colocado as mochilas no check-in por já estar encerrado, levámo-las connosco tal como nos tinham informado. De um momento para o outro vejo-me rodeado de polícia chinesa à minha volta. Uns fazem-me perguntas, outros revistam-me a mala. Outros ainda conversam suspeitosamente entre si, fazendo-me sentir um verdadeiro criminoso ou terrorista da ETA. Retiram-me todos os meus produtos de higiene pessoal e as 2 garrafas de vinho do porto para oferta às famílias que nos iam acolher. Lá se foram os presentes e lá teremos nós que ir às compras, se quisermos andar cheirosos (ainda estou para ver como vamos conseguir decifrar aqueles hieróglifos: em vez de champô, ainda compro azeite!). Arrumamos à pressa as malas desarrumadas pela polícia. Ainda consegui ouvir o Nuno a dizer à mulher polícia para provar o vinho do porto que ficou retido na alfândega. “Vai gostar, e não se vai arrepender” – diz ele de forma irónica.

O meu pensamento é sempre o mesmo: “por mais que corramos, já não vamos ter tempo! Iremos perder o avião”. Mas mesmo assim, corro por ali a fora. Á nossa frente aparece um pequeno carro de passageiro a disponibilizar os seus serviços. “Nem quero acreditar” – pensei eu. “Até são simpáticos. Vão levar-nos à porta de embarque E52”.

Aeroporto de Pequim

Faz-se 2 acelaradelas no carro e compreendemos que a simpatia de ver 2 gajos esbaforidos, com problemas de tempo para apanhar o avião, resume-se a alguns trocos. “Não temos moedas, nem dinheiro” – gritamos nós, saltando quase em andamento do carro. Voltamos, mais uma vez a correr com a mala às costas. Vejo as indicações “E05-E60” e sigo as setas. A nossa porta de embarque não deveria estar longe. Pelos corredores gigantes de Pequim corro loucamente, sempre agarrado ao meu passaporte e ao meu bilhete de avião. “Não quero perder o voo. Não quero”. Corro cada vez mais depressa, e vejo passar as portas de embarque E05, E06, E07, E08… mas já não consigo correr mais. Desisto por completo. “Até chegar à E52 são quilómetros!!!!!”… abrando o passo e espero pelo Nuno, que vem com a mala torta, quase que a coxear e rosado nas faces de tanto galgar.

Vejo um atalho que diz “E52-E53” que nos indicam para descermos por umas escadas rolantes. Já desistente, desço por elas e que vai dar directo ao transporte de autocarro que nos levará ao avião. Mostro o meu bilhete e a minha língua saída da boca, com um pouco de saliva à mistura e desejam-me boa viagem em chinês. AVIÃO ÉS MEU!!!!

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